"Até 10 de agosto de 2022, o Ministério da Cultura e Política de informação registou 464 episódios considerados crimes de guerra russos contra o património cultural ucraniano", afirmou hoje o porta-voz daquele organismo, Oleksandr Tkachenko.
Acusou a Rússia de lutar contra a identidade cultural ucraniana e de "atacar deliberadamente objetos culturais", frisando que "infelizmente, isso acontece quase todos os dias".
Só na noite passada, os ataques russos danificaram um centro cultural e uma escola de arte em Marhanets, na região de Dnipropetrovsk, indicou.
Na contabilidade das autoridades de Kiev, desde o início da invasão foram destruídos ou danificados 23 monumentos de importância nacional, 109 de importância local, 108 objetos que estavam em edifícios históricos e sete objetos do património cultural recentemente descobertos.
Os ataques russos destruíram ou danificaram 361 objetos de arte e instituições culturais, acusa a Ucrânia.
No relatório divulgado na primeira semana de agosto, a Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO) contabilizou mais de 170 monumentos e sítios históricos do património cultural ucraniano, atingidos pela guerra.
Ao todo, são 171 os locais atingidos, muitos deles destruídos, de museus a instalações universitárias, de bibliotecas a igrejas e catedrais, de escolas a edifícios históricos e de interesse cultural, como as igrejas da Natividade e da Santíssima Trindade, em Kyiv, o Memorial do Holocausto, em Kharkiv, o Museu de Belas Artes de Odessa, e os museus de Mariupol e Melitopol, ambos sujeitos a destruição e saque, como denunciaram as autoridades ucranianas e verificou em reportagem, em maio, o jornal The New York Times.
Até à data, nenhum sítio classificado como Património Mundial pela UNESCO “parece ter sido danificado", afirmou a organização.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 169.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.