No Parque Eduardo VII, pintado com as cores de bandeiras de muitos países, a peregrina Sofia Ribeiro defende que "os países devem ver aquilo que está a acontecer", e acrescenta: "Conseguimos juntar tantas culturas diferentes, deviam seguir o nosso exemplo".
Logo no primeiro dia da sua visita a Portugal, o Papa Francisco pediu à Europa que assuma o seu "papel de construtora de pontes e de pacificadora" e o apelo parece ter sido ouvido, pois também Marta destacou a importância de construir uma paz futura, olhando para os dois filhos que a acompanham hoje na ‘Colina do Encontro’.
"Os jovens são a base de tudo, são o futuro de tudo. A nossa união, a nossa convivência entre jovens de quase todos os países em paz, de forma harmoniosa e feliz, devia, pelo menos, motivar os políticos e todos os lideres mundiais a criar espaços bons para nós", concorda Ana Rita Veiga.
Francisco, de Lisboa, também defende que o Ocidente deve ter um papel na paz mundial e acredita que o caminho passa por terminar com a cultura que quer expulsar o cristianismo da Europa.
Enquanto as mais jovens, Sofia e Ana Rita, discordam da posição do Papa sobre a eutanásia, Marta evoca o livre arbítrio e assume que os seus valores cristãos irão sempre sobrepor-se à lei, garantindo, ainda assim, que não se opõe ao diploma aprovado pela Assembleia da República em maio, que despenaliza a morte medicamente assistida.
"Acho que o Papa Francisco, enquanto representante superior da Igreja, não poderia deixar de alertar todos, e em especial os católicos, para os perigos da lei. Depois, cada um fará o que quiser", disse Marta à Lusa.
Num discurso em Belém, na quarta-feira, Francisco considerou que "no mundo evoluído de hoje, paradoxalmente, tornou-se prioritário defender a vida humana posta em risco por derivas utilitaristas que a usam e descartam".
"Na verdade, não me revejo muito nessas palavras. A eutanásia pode ajudar as pessoas que estão mesmo em sofrimento e que sabem que não vão poder continuar a viver de forma boa", contrapôs Ana Rita.
O encontro do Papa com vítimas de abuso sexual, no primeiro dia da sua visita, é visto por Fátima Lopes como um "remendo" para um problema que nunca será reparado.
"Não vai resolver, mas penso que a Igreja está a tentar minimizar o que alguns membros fizeram. Passar uma borracha por cima é impensável", admite, tal como Francisco, que reconhece que "houve pecados feios e alguns têm culpa, mas Cristo não, e nada vai mudar isso".
Num clima quase apoteótico, enquanto dezenas de milhares de pessoas aguardavam a chegada do Papa Francisco, Marta espera que "esta semente não morra antes de nascer".
"É preciso que a alimentemos para que possa vir a dar frutos e que esses frutos sejam bons, senão não passa tudo de fogo de vista. Não quero acreditar nisso", sublinhou.
O Papa Francisco foi recebido em apoteose no Parque Eduardo VII, onde dará as boas vindas aos muitos milhares de jovens que estão em Lisboa para a JMJ, que decorre até domingo.