O Sindicato dos Jornalistas pediu hoje ao Presidente da República o alto patrocínio para projeto-piloto para desenvolver um programa de literacia mediática no ensino secundário no próximo ano letivo, que o sindicato disse ter sido concedido.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco – que teve hoje uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio da Presidência, em Lisboa – disse aos jornalistas no final da reunião que "propôs uma parceria ao Ministério da Educação para fazer um projeto-piloto sobre literacia mediática no ensino secundário", uma proposta que foi apresentada ao Presidente e que foi bem acolhida.
"Viemos cá pedir o aval político, o alto patrocínio, ao Presidente da República e ele concordou em dar esse patrocínio, o que nos alegra bastante", afirmou a dirigente sindical, acrescentando que Marcelo Rebelo de Sousa "partilha da sensação de que pode ser por aí o caminho" e que "é necessário hoje em dia mostrar em que é que o jornalismo é relevante".
Sofia Branco defendeu que "as novas gerações têm dificuldade em destrinçar o que é jornalismo do que não é", uma realidade com que o Presidente da República concorda, e disse que Marcelo Rebelo de Sousa manifestou disponibilidade para "se envolver no projeto mais para a frente quando ele estiver efetivamente em prática".
Este projeto-piloto vai começar por ser implementado no próximo ano letivo em sete escolas do ensino secundário, "que são tantas quantas as divisões educativas do país", ou seja, cinco em Portugal Continental e uma em cada uma das regiões autónomas.
"Vamos começar pelo ensino secundário, sendo que a ideia, se resultar bem, é recuar ao básico", afirmou ainda a presidente do Sindicato dos Jornalistas, que explicou que esta parceria com o Ministério da Educação prevê a formação dos mais de 800 professores da área da cidadania e formação cívica e a identificação de jornalistas que irão assegurar a realização deste projeto-piloto.
Entre os outros temas que foram abordados na reunião, Sofia Branco referiu que, "em linhas muito gerais", foram discutidos assuntos "relacionados com a situação económica, com o desemprego e a precariedade".
"Tanto o caso da Lusa como o da RTP, do setor empresarial do Estado, que têm de facto um cenário de precariedade que é absolutamente gritante, desde logo porque o Estado é o principal acionista" foram referidos, mas também foram discutidas as situações de precariedade dos meios privados, porque "há imensos grupos a despedir, a emagrecer, a reduzir redações, a fazer mais com menos".
"O Presidente está perfeitamente consciente e preocupado" com estas matérias, disse Sofia Branco.
Também a compra da Media Capital pela Altice foi discutida "em geral" entre o sindicato e o Presidente, tendo o sindicato manifestado a sua preocupação com "a excessiva concentração do setor".
"Está tudo cada vez mais nas mãos de três, quatro ou cinco grandes grupos. É preciso ver o que vai daí resultar em termos de linha editorial (…) mas é óbvio que isso tem um impacto na qualidade, no pluralismo, na diversidade. Pareceu-nos que o Presidente estará atento e preocupado", garantiu Sofia Branco.
LUSA