O ex-presidente do Governo da Madeira, Alberto João Jardim, começa hoje a ser julgado pelos crimes de difamação, injúrias e abuso de liberdade de imprensa contra o historiador e militante do PS António Fernandes Loja.
Após 37 anos escudado na figura da "imunidade parlamentar", Alberto João Jardim senta-se hoje pela primeira vez no banco do réu, na Instância Local da Comarca da Madeira.
João Jardim responde pelas expressões por si utilizadas em dois artigos de opinião – sob o título "A loja dos rancores" – publicados no Jornal da Madeira a 23 e 26 de novembro de 1994 e consideradas por António Loja "atentatórias do seu bom nome, honra e consideração".
"Era marxista há menos de oito dias, agora é só interpretação histórica"; "tão pirado que não vê as próprias grosserias e descobre-as nos outros"; "não fui eu que andei com perseguições após o 25/4 [25 de Abril]"; "nunca andei a espreitar funcionários policialmente"; "a criatura endoidou"; "ordinarote" e "o homenzinho, ao ler isto, caem-lhe mais três dentes, dois de raiva e um de senilidade" foram algumas das expressões e frases utilizadas pelo então líder madeirense, segundo a acusação.
No processo, foi deduzida acusação particular e feito um pedido cível de indemnização no valor de 600.000 escudos (perto de 3.000 euros) contra o social-democrata.
O ex-governante riposta, por seu lado, que as expressões utilizadas foram empregues no âmbito do debate político.
Alberto João Jardim foi presidente do Governo Regional da Madeira entre 18 de março de 1978 e 12 de janeiro de 2015, mantendo-se como presidente em exercício até 20 de abril de 2015, dia da tomada de posse do XII Governo Regional de Miguel Albuquerque, que o sucedeu na liderança do PSD/Madeira.
Alberto João Jardim tornou-se no político com maior longevidade no poder em Portugal, destronando Oliveira Salazar.