Ao soar das sirenes, as pessoas pararam na rua assim como os automóveis. O genocídio dos judeus vai ser recordado ao longo do dia com cerimónias oficiais que incluem uma sessão especial no Parlamento israelita.
O Estado de Israel foi fundado em 1948 por judeus que abandonaram a Europa a seguir ao final da Segunda Guerra Mundial (1945) sendo que cerca de 165 mil sobreviventes do genocídio nazi vivem atualmente no país onde são reconhecidos como figuras históricas mas, cuja maioria, enfrenta situações de pobreza.
Hoje, o primeiro-ministro israelita Naftali Bennet prestou homenagem no Memorial Yad Vashem afirmando que o mundo tem de deixar de comparar o Holocausto a outros acontecimentos e factos históricos.
Naftali Bennet fazia referência aos recentes discursos dos chefes de Estado da Rússia e da Ucrânia que estabeleceram paralelos entre a atual guerra em território ucraniano e o genocídio durante a Segunda Guerra Mundial.
"Com o passar dos anos há cada vez mais discursos a nível mundial que comparam ‘outras dificuldades’ e acontecimentos com o Holocausto. Mas não é assim", afirmou Naftali Bennet.
"Nenhum outro acontecimento na História foi mais cruel assim como nada é comparável ao extermínio dos judeus pelos nazis e colaboracionistas na Europa", frisou o primeiro-ministro de Israel.
Naftali Bennet referiu-se também às "grandes diferenças" que estão atualmente a dividir Israel.
Este ano, o discurso do primeiro-ministro – num dos dias mais solenes do ano para Israel – ocorre numa altura em que Naftali Bennet é alvo de ameaças.
Na terça-feira, uma carta com ameaças de morte e com uma bala foi endereçada à família do chefe de governo de Israel, estando o assunto a ser investigado pelas autoridades.
"Irmãos e irmãs, nós não podemos permitir que a génese dos mesmos perigos, das fações, desmantelem Israel internamente", declarou Naftali Bennet.
Todos os anos, Israel recorda as vítimas do Holocausto exaltando os sobreviventes.
Os restaurantes e locais de entretenimento mantêm-se encerrados durante todo o dia, as estações de rádio transmitem música sóbria e as televisões incluem na programação documentários e emissões especiais sobre o Holocausto.
Trata-se da primeira vez desde o início da crise sanitária que o país assinala a data sem ser em contexto de confinamento.
A pandemia de SARS CoV-2 afetou em particular os sobreviventes do holocausto devido à idade avançada e a situações doenças associadas à terceira idade.
De acordo com um grupo que representa as vítimas do Holocausto citado pela Associated Presse, em Israel, cerca de um terço dos sobreviventes do Holocausto vivem abaixo do limiar da pobreza sendo que muitos são dependentes das ajudas governamentais e doações.
Por outro lado, um relatório divulgado hoje em Israel indica que apesar dos esforços implementados nos programas escolares, em todo o mundo, sobre a história do Holocausto, o antissemitismo aumentou nos últimos anos a nível global.
O documento refere que os sentimentos contra os judeus foram sentidos durante o confinamento sanitário, em vários pontos do mundo; nos comentários publicados nas redes sociais assim como após a intervenção militar israelita contra o território palestiniano de Gaza, no ano passado.
No âmbito das cerimónias oficiais, o presidente de Israel, Isaac Herzog, vai acender seis tochas que assinalam os seis milhões judeus assassinados pela Alemanha nazi.
O porta-voz do Parlamento da Alemnha, Baerbel Bas, vai estar presente nas várias cerimónias oficiais em Israel.
Lusa