Estes foram dois dos portugueses que se somaram hoje à multidão que está nas imediações do Palácio de Buckingham, a residência oficial dos monarcas britânicos em Londres e local a que chegará ao início da noite o corpo de Isabel II, que morreu na Escócia na quinta-feira passada, aos 96 anos, após 70 de reinado.
Maria Fonseca, 28 anos, dentista a viver em Genebra, colocou a meio da tarde um ramo de flores no “jardim do tributo floral” a Isabel II, um recinto com o tamanho de um campo de futebol criado pelas autoridades britânicas para serem deixados os ramos e outras ofertas à Rainha.
As flores de Maria Fonseca foram depositadas sob uma bandeira portuguesa, que ondula no recinto, como muitas outras, de todas as partes do mundo, colocada nos ramos de uma árvore também hoje por outros portugueses do Porto que foram a Londres homenagear Isabel II, uma pessoa “notável e inspiradora da História da Humanidade”, segundo o texto que tem inscrito.
Pelo "jardim do tributo floral" não param de passar pessoas com flores, mas também britânicos e turistas que vão visitar o local, tirar fotografias e ler as mensagens deixadas para a Rainha.
Maria e a amiga de infância Sara Duque, que vive em Londres e tem também 28 anos, dizem que choraram quando souberam da notícia da morte de Isabel II, que admiram desde pequenas.
“A minha avó é uma apaixonada por História e desde que me lembro de ser pessoa que ouvi falar desta Rainha e do significado especial que tinha para ela e passou-me esta admiração”, diz Maria à Lusa.
Sara sublinha que, como os avós de ambas, a Rainha é de uma geração “que vai desaparecer” que tem valores em que ambas acreditam e respeitam.
“Admiramos o trabalho que a Rainha fez”, sublinha Sara Duque, enquanto Maria Fonseca acrescenta que Isabel II fez parte da infância das duas amigas, que são de Coimbra.
“Só conhecemos esta Rainha”, diz Maria, que voou na segunda-feira para Londres desde Genebra para estar hoje em Buckingham porque no dia do funeral, na próxima segunda-feira, terá de estar a trabalhar.
Também João Jacinto voou hoje para Londres, desde os Estados Unidos, onde esteve de férias, e aproveitou uma escala de 12 horas antes de seguir viagem para Lisboa para ir a Buckingham, ver “o momento histórico” que é a morte de uma Rainha que esteve à frente da coroa britânica durante 70 anos e se tornou numa personalidade “muito importante na História mundial”.
Acompanhado por uma mala de viagem com rodas, João percorreu o recinto de Buckingham, com caminhos já organizados e bem sinalizados pelas autoridades para orientar os milhares de pessoas que andam pelo local, e confessa-se “impressionado” com a dimensão das homenagens a Isabel II.
“Pela sua história de vida e pela maneira como se posicionava no mundo, e mesmo não sendo especialmente adepto da monarquia, acho que é uma inspiração para todos. Foi uma mulher que dedicou a vida toda ao seu país, à sua família, acho que isso é uma inspiração. Sempre me lembro da Rainha da Inglaterra, faz parte do nosso imaginário”, disse João, de 23 anos, estudante de Direito, que sublinha a “figura emblemática, tão transversal”.
“É o fim de uma era”, afirma, antes de prosseguir a rota por Londres, agora em direção a outras zonas do centro da cidade, como Picadilly Circus, onde há também multidões em constante movimento, mas as habituais, que enchem lojas, bares, restaurantes e salas de espetáculo como em qualquer dia normal na capital inglesa.