O representante da República para a Madeira disse hoje que é necessário "apurar responsabilidades" sobre a queda da árvore que matou 13 pessoas no Largo da Fonte na terça-feira, mas vincou que o momento não é para "jogos políticos".
"Não é o momento para jogos políticos sobre esta tragédia. É o momento de estarmos todos unidos. É esse o meu apelo como representante da República", afirmou Ireneu Barreto, que visitou o local da ocorrência, na freguesia do Monte, onde estão a decorrer peritagens a cargo de uma equipa composta por técnicos indicados pela Câmara Municipal do Funchal e pela Diocese do Funchal.
O representante da República salientou que é necessário apurar responsabilidades, mas salientou que, para já, o tempo é de "solidariedade" e de "deixar as autoridades investigarem o que tiver de ser investigado".
"Temos de compreender a dor e o sofrimento daqueles que perderam os seus entes queridos, mas temos de dar o tempo para que não haja precipitações, porque nada é mais ingrato para aqueles que são condenados na praça pública sem haja um fundamento para isso", alertou Ireneu Barreto.
E vincou: "A justiça tem o seu tempo, porque estamos a falar de responsabilidades ao nível da justiça. Para isso temos de dar aos nossos operadores judiciários o tempo suficiente para que eles tirem responsabilidades".
Ireneu Barreto esteve no Largo da Fonte a conversar com os técnicos que procedem a investigações na árvore tombada e na área circundante, um jardim sobranceiro ao local onde se concentravam uma multidão que acabou por ser atingida.
Ainda não está totalmente esclarecida a posse legal sobre o jardim onde se encontrava o carvalho centenário que matou 13 pessoas no dia de Nossa Senhora do Monte, a padroeira da Madeira, mas tudo indica que o proprietário é a Diocese do Funchal e o responsável pela gestão do espaço é a Câmara Municipal do Funchal, situação que explica a presença de técnicos indicados pelas duas partes.
O técnico da autarquia é oriundo do Instituto Superior de Agronomia, ao passo que o representante da Diocese é o engenheiro florestal Rocha da Silva, que foi Diretor Regional das Florestas nos governos liderados por Alberto João Jardim.
"Os técnicos estão a reconstituir o acidente, mas por enquanto é prematuro adiantar o que quer que seja", disse Ireneu Barreto aos jornalistas, realçando que o momento é de luto e de solidariedade para com as famílias das vítimas.
O representante da República para a Madeira sublinhou, ainda, que tem "muita confiança" no Ministério Público, que ontem anunciou a abertura de um inquérito sobre a trágica ocorrência.
"Não é o momento de, sobre as dúvidas, criarmos situações definidas. Temos de dar tempo ao tempo, para se apurar responsabilidades, para se pedir responsabilidades quando elas forem perfeitamente claras e definidas", disse.
No dia da tragédia, Ireneu Barreto não se encontrava na região, tendo, porém, regressado à ilha e acompanhado o Presidente da República na visita que este efetuou ao Hospital Central do Funchal, onde ainda se encontram internados sete feridos, dos 52 que inicialmente deram entrada.
A queda do carvalho que matou 13 pessoas e feriu 49 ocorreu no Largo da Fonte, próximo do Funchal, durante a celebração da Festa do Monte, em honra da padroeira da ilha.
Oito das vítimas mortais são do sexo feminino e cinco do masculino, sendo uma criança de 1 ano e as restantes com idades entre os 28 e 59 anos. Uma mulher francesa e outra húngara figuram entre os mortos.
LUSA