O Irão é palco de um movimento de protesto desencadeado pela morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem que esteve três dias detida pela chamada ‘polícia dos costumes’ por violar o código de vestuário da República Islâmica, nomeadamente em relação ao véu, que deve esconder todo o cabelo em público.
Niloufar Hamedi e Elaheh Mohammadi “estão em prisão preventiva por propaganda contra o sistema e conspiração contra a segurança nacional”, anunciou o porta-voz da Justiça, Massoud Setayechi, em conferência de imprensa hoje realizada em Teerão.
A fotojornalista Niloufar Hamedi, do jornal Shargh, foi detida em 20 de setembro, quando foi ao hospital onde Mahsa Amini esteve em coma antes de morrer.
Nove dias depois, Elaheh Mohammadi, repórter do jornal Ham Mihan, foi também detida quando estava em Saghez (província do Curdistão) para cobrir o funeral da jovem e as primeiras manifestações.
O diário reformista Sazandegi informou, no final de outubro, que “estavam mais de 20 jornalistas detidos”, principalmente em Teerão, mas também em outras cidades, e avisou que vários outros profissionais da comunicação social estavam a ser “convocados” pelas autoridades.
Mais de 300 jornalistas e fotojornalistas iranianos criticaram as autoridades em 30 de outubro por terem “detido colegas, privando-os dos seus direitos”, nomeadamente de terem “acesso aos seus advogados”.
Dezenas de pessoas, principalmente manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortas desde o início dos protestos, e mais de 2.000 foram acusadas ou detidas por “criarem motins”.
“As pessoas, mesmo as que protestam, estão a exigir que o poder judicial seja firme com as poucas pessoas que causaram problemas e cometeram crimes, respeitando, claro, a lei e as normas legais muçulmanas”, acrescentou hoje Sétayechi.
Na segunda-feira, o grupo britânico que detém o canal de televisão em língua persa Iran International noticiou que dois dos seus jornalistas foram ameaçados de morte de Teerão.
“Jornalistas irano-britânicos que trabalham no Reino Unido receberam ameaças de morte por parte dos Guardas da Revolução” (o exército ideológico de Teerão), fez saber a Volant Media através de um comunicado.
Segundo o grupo, os jornalistas receberam “avisos e ameaças credíveis”, o que levou a polícia de Londres a "informar oficialmente os dois jornalistas de que estas ameaças representam um risco iminente, credível e significativo para as suas vidas e as vidas das suas famílias”.