“Sim, pode acontecer que nos próximos outonos e invernos seja necessário adaptar medidas. Uns anos serão mais restritivas, noutros menos”, admitiu Graça Freitas, em entrevista à agência Lusa.
A responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS) considerou que tais comportamentos não vão ser difíceis de adotar pelos portugueses, sublinhando: “O ser humano tem uma grande capacidade de adaptação e este será mais um fator que aparece nas nossas vidas e vamos aprender a lidar com ele quase instintivamente”.
“Vamos chegar a uma altura em que quase não vão ser precisas recomendações e é isso que se espera, que a população, os serviços, a sociedade se adaptem, flexibilizando medidas, mas de forma que essas medidas impactem o mínimo possível na nossa vida social e económica”, afirmou, sublinhando: “Não há como sair disto até percebermos as características do vírus, e ele é um vírus muito jovem”.
Deu como exemplo o vírus da gripe, que mesmo sendo conhecido e um vírus a que os portugueses estão já habituados, "nalguns invernos provoca maior pressão sobre os serviços de saúde e as urgências".
“Não temos previsão de como vai ser o comportamento do vírus SARS-CoV-2 e nada garante que as novas variantes venham a ser mais benignas do que as anteriores.. podem ser mais complexas”, afirmou.
Numa entrevista para assinalar os dois anos dos primeiros casos de SARS-Cov-2 detetados em Portugal (em 02 de março de 2020), Graça Freitas disse que, para futuro, será preciso “alguma capacidade de adaptação”.
“Vamos ter de encontrar um equilíbrio entre fazer a nossa vida habitual, com algumas restrições, que serão maiores nuns anos e menores noutros”, acrescentou, referindo que tudo terá de ser avaliado à medida da evolução do comportamento do vírus.
Disse ainda que agora se vive um período de recuperação entre ondas da pandemia e que chegará uma nova, “só não se sabe quando”.
Graça Freitas chamou ainda a atenção para o facto de haver variantes de preocupação, dando como exemplo o “novo braço da variante Ómicron, que é bem diferente da primeira”.
Sobre o fim do uso das máscaras nos espaços interiores, defendeu que qualquer decisão só será tomada após análise dos especialistas, pois terá de ser sempre avaliada “a curva epidémica”.
“Há de chegar um momento em que se vai considerar tirar as máscaras nos espaços interiores, quando não tiver impacto na subida da onda, significativo, pelo menos”, afirmou a especialista, acrescentando: “serão os especialistas a dizer-nos qual será esse momento (…), quando não impactar negativamente nem na incidência, nem nos internamentos nem nas mortes”.
“É como abrir as tais comportas – nós vamos pondo comportas para conter o vírus – para voltar a nossa vida normal”, exemplificou.
Sobre o uso de máscaras pelas crianças, afirmou: “as crianças têm uma grande capacidade de recuperação e uma longa esperança de vida para que todos estes processos sejam incorporados”.
“Tenho uma enorme compreensão pelas crianças (…), mas todos gostaríamos de voltar a ver a cara das pessoas como ela é, e não como tem estado no últimos dois anos”, acrescentou.