O empresário Rodolfo Landim, que trabalhou 26 anos na empresa e seria indicado para presidir ao Conselho Administrativo da Petrobras, anunciou no domingo que recusou o convite do Governo para concentrar o seu tempo e dedicação para fortalecer a equipa de futebol Flamengo, de que é dirigente.
“Encaminhei ao Exmo. ministro de Minas e Energia, Sr. Bento Albuquerque, um documento com esta posição, deixando claro meu agradecimento pelo convite e relatando minha preocupação em não conseguir, dada a dedicação que as duas instituições demandariam nesse momento, exercer ambas as funções com a excelência por mim desejada e à altura que a Petrobras e o Flamengo merecem”, diz um comunicado publicado no ‘site’ do Flamengo e assinado por Landim.
Já o economista e consultor Adriano Pires, escolhido para substituir o atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, enfrenta problemas da mesma natureza embora não tenha desistido oficialmente do cargo.
Segundo os ‘media’ brasileiros, ambos tiveram parecer contrário à sua entrada na gestão em relatórios da Diretoria de Governança e Conformidade da Petrobras.
Os ‘media’ locais citam alegadas suspeitas de conflitos de interesses que pesam sobre Landim e Pires devido à relação próxima que eles teriam com um empresário chamado Carlos Suarez, que tem fortes interesses no setor de gás.
Além da proximidade alegadamente suspeita a empresários do setor de petróleo e gás, Landim está mencionado em investigações de corrupção desvendadas pela operação Lava Jato, que investigou casos de corrupção na estatal brasileira e noutras empresas e órgãos públicos.
Já Pires foi alvo de uma representação do Ministério Público brasileiro e do Tribunal de Contas da União que apontaram conflitos de interesse devido à sua intensa atividade como consultor de empresas do setor de petróleo e gás e pediram que ele não assuma o comando da Petrobras antes de uma investigação mais aprofundada.
No dia 13 de abril o Conselho da Petrobras reúne-se para escolher quem será o seu novo presidente e também indicar quem será o novo presidente responsável pela administração geral da petrolífera.
As mudanças na Petrobras surgem numa altura em que os preços da gasolina dispararam no Brasil e que, por isso, surgiram várias críticas à empresa estatal por parte dos mais variados quadrantes políticos.
Em meados de março, a Petrobras anunciou um aumento de 18,77% na gasolina, de 24,9% sobre o gasóleo e 16,1% sobre o gás de cozinha, após quase dois meses sem elevar os preços.
Estes reajustes foram duramente criticados por Bolsonaro, membros do Governo, e políticos que o apoiam, que temem um reflexo negativo na imagem do governantes meses antes do Presidente disputar a reeleição, em outubro.
A Petrobras é uma empresa controlada pelo Governo brasileiro, porém, o seu capital é misto e tem ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Madrid e Nova Iorque.
Desde 2017, a Petrobras segue uma política de paridade internacional para determinar os preços que cobrará pelos combustíveis e o gás natural no país, ou seja, mantém os seus reajustes em linha com os valores internacionais embora o Brasil seja um grande produtor destas ‘commodities’.