Na Base Aérea n.º 5, em Monte Real, Leiria, onde se encontrou com alunos no âmbito do Dia da Defesa Nacional, Helena Carreiras foi questionada por alguns estudantes sobre casos como o processo “Tempestade Perfeita”.
No final, disse aos jornalistas que “a imagem do ministério não fica afetada” com as situações que têm vindo a público, detetadas durante o mandato do antecessor, João Gomes Cravinho.
“Só ficaria afetada se não fizéssemos o que temos de fazer para garantir maior transparência, maior controlo. Desde o início de todos estes processos solicitei variadas inspeções à Inspeção de Defesa Nacional, auditorias ao Tribunal de Contas, estamos a trabalhar num plano de reorganização de recursos da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional. Houve processos disciplinares, há formação em curso para lidar com estes temas”, avanaçou a governante.
A ministra da Defesa Nacional reafirmou ainda estar “empenhada em que toda a responsabilidade seja apurada, toda a verdade seja apurada, apoiando o trabalho das instituições judiciais”.
Sobre a situação do secretário-geral do ministério que continua em funções, apesar de ter sido constituído arguido em agosto, a ministra salientou que “o Ministério Público entendeu que as suspeitas que existem e que motivaram a investigação, não são de modo a suspender funções”.
“Vou respeitar essa decisão e estou preparada para tomar todas as ações que sejam necessárias em função desse trabalho da justiça”, acrescentou.
Na Base Aérea de Monte Real, lançou um pedido: “Não façamos julgamentos sumários na praça pública. Deixemos o Estado de Direito funcionar, a justiça funcionar. Merece-nos esse respeito”.
Na terça-feira, o Chega requereu a audição parlamentar da ministra da Defesa Nacional sobre a situação do secretário-geral daquele ministério.
O grupo parlamentar citou uma notícia avançada pelo jornal Expresso, que dá conta de que o secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional, João Ribeiro, continua a exercer funções depois de ter sido constituído arguido no início de agosto para ser investigado num processo autónomo ao “Tempestade Perfeita”.
De acordo com o Expresso, João Ribeiro é suspeito dos crimes de abuso de poder e de falsidade informática.
Em agosto, o Ministério Público acusou 73 arguidos no processo relacionado com adjudicações de obras pela Direção-Geral dos Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), entre os quais o ex-diretor Alberto Coelho, por corrupção passiva, branqueamento, peculato e falsificação de documento.
A acusação relativa ao processo “Tempestade Perfeita”, a que a agência Lusa teve acesso, defende ainda que Alberto Coelho seja condenado a pagar ao Estado mais de 86 mil euros, que correspondem ao que consideram ter sido as vantagens obtidas de forma ilícita.