A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defendeu hoje que é tempo de, nas cerimónias religiosas ou atividades pastorais, "ir retomando uma maior participação dos fiéis, abrandando de forma ponderada os distanciamentos e os limites impostos à lotação das igrejas"
Num documento com orientações para a nova fase de desconfinamento, que entram em vigor na sexta-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) informa que se devem manter “a higienização das mãos e uso da máscara” e que, nas missas, “para facilitar a perceção auditiva, os sacerdotes e demais ministros poderão retirar a máscara para a proclamação da Palavra, desde que haja uma distância suficiente das pessoas colocadas diante deles”.
“A recolha da coleta poderá realizar-se no momento do ofertório, observando-se as devidas normas de segurança e de saúde” e “a saudação da paz, que é facultativa, continua suspensa”, acrescenta o documento intitulado “Liberdade responsável no Culto e nas atividades pastorais”.
Já na comunhão, “em que os comungantes têm de retirar a máscara, o ministro deve utilizá-la” e a partícula deve ser dada aos fiéis apenas na mão e não na boca.
Quanto aos restantes sacramentos, a orientação da CEP aponta no sentido de serem retomadas “as prescrições dos livros litúrgicos”.
Assim, por exemplo, na confissão deve ser assegurada “suficiente distância entre o confessor e o penitente, devendo ambos usar máscara, mas sem comprometer quer o diálogo sacramental, quer o seu sigilo”.
“Antes e depois dos ritos que comportem algum contacto físico com pessoas ou objetos, os ministros devem proceder à higienização das mãos. Nos velórios, a prática da aspersão supõe a mesma cautela. Se não for possível garantir esse procedimento, é preferível retirar a caldeirinha e usá-la apenas no Rito da Encomendação”, lê-se no documento hoje divulgado pela Conferência Episcopal, o qual acrescenta que “as pias de água benta junto às entradas da igreja continuarão vazias”.
Por outro lado, “as atividades pastorais como catequese e outras ações formativas, reuniões, ajuntamentos, iniciativas culturais e de restauração, bem como peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras atividades similares, seguirão as regras previstas pelas autoridades competentes para situações educativas, sociais e culturais semelhantes”, refere o documento.
A CEP aproveita para manifestar “reconhecimento a quantos deram um contributo significativo neste duro combate pela saúde, que ainda não terminou”.
“Diante do Deus da Vida, em atitude de oração, fazemos memória dos inúmeros irmãos e irmãs que mais sofreram com esta pandemia e suas consequências, sobretudo daqueles que faleceram e suas famílias”, escrevem os bispos portugueses.
Estas orientações, que revogam as que a CEP assumira em 08 de maio de 2020, surgem quando, “mantendo-se o apelo a um comportamento responsável, o país assiste ao termo ou mitigação de muitas das medidas de proteção à saúde pública que comportavam restrições aos direitos e liberdade dos cidadãos, nomeadamente na vida social, económica e cultural”, pelo que “é tempo, também, de rever algumas das orientações dadas (…) em diálogo com as autoridades de saúde, e que comportavam algumas exceções à liberdade religiosa e ao direito concordatário vigentes”.