Um homem de 35 anos, acusado de ter tentado matar a mulher à facada em janeiro deste ano, começou hoje a ser julgado no Tribunal do Funchal, onde afirmou que tudo aconteceu num "momento de loucura".
Ismael Santos e Linda Garcia casaram-se na Venezuela, em 2006, e residiam à data dos factos em casa da mãe do arguido, juntamente com as duas filhas menores do casal, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.
A acusação – lida pela juíza presidente coletivo Carla Meneses – refere que, no dia 3 de janeiro de 2017, o arguido surgiu por detrás da mulher, quando ela estava na cozinha a tomar o pequeno-almoço, puxou-lhe a cabeça para trás e desferiu-lhe um golpe no pescoço com uma faca com 10 centímetros de lâmina.
A vítima pôs-se, então, de pé e defendeu-se, agarrando a lâmina com a mão, mas Ismael Santos, segundo a acusação, continuou a golpeá-la em várias partes do corpo, acabando por derrubá-la.
Entretanto, a lâmina quebrou-se e o arguido muniu-se de outra faca, igualmente com 10 centímetros de lâmina, e prosseguiu o ataque, ao passo que a vítima continuou a defender-se com as mãos.
A agressão só terminou com a intervenção da mãe do arguido, que o puxou para trás, no momento em que ele se encontrava em cima da mulher, caída no chão.
Ismael Santos é acusado de homicídio qualificado na forma tentada, sendo que, conforme referiu a juíza Carla Meneses, "agiu de forma premeditada e por motivo fútil – ciúmes", além de o fazer "voluntariamente e conscientemente e com a intenção de matar a mulher".
Segundo a acusação, o arguido terá começado a manifestar "ciúmes excessivos" da mulher a partir do momento em que esta começou a trabalhar num estabelecimento comercial no Funchal, em outubro de 2016, estando ele desempregado.
Em tribunal, o Ismael Santos reconheceu a ocorrência de discussões cada vez mais frequentes com a mulher e afirmou serem corretos os factos descritos na acusação, mas vincou, repetidas vezes, que tudo aconteceu num "momento de loucura".
Por outro lado, negou que tivesse muitos ciúmes da mulher, explicando, no entanto, que não gostava de a ver sair de casa "bem arranjada e com roupas muito decotadas" para ir trabalhar.
LUSA