Cerca de 400 professores manifestaram-se hoje, no Funchal, contra a proposta de Orçamento do Estado para 2018, que não contabiliza nove anos de serviço na progressão na carreira, no âmbito da greve que regista uma adesão superior a 50% na região.
"Temos taxas de adesão muito acima dos 50% e mesmo escolas secundárias muito conservadoras em termos de greve, como a Jaime Moniz e a Francisco Franco, estão com valores na casa dos 30%, muito superiores à anterior greve da administração pública. É praticamente o dobro", disse o coordenador do Sindicado dos Professores da Madeira, Francisco Oliveira.
O protesto começou junto à Assembleia Legislativa da Madeira e terminou em frente à Secretaria da Educação, no centro da capital madeirense.
"Podemos dizer que o que vemos hoje aqui é uma surpresa, porque não é comum uma manifestação como esta no Funchal. Os professores estão mesmo descontentes", vincou Francisco Oliveira, realçando que "não vamos baixar os braços" enquanto não for feita a regularização da carreira, nomeadamente a contagem do tempo de serviço, interrompida há uma década.
O sindicalista realçou, ainda, que a contagem de serviço na Região Autónoma da Madeira pode ser regularizada independentemente do que venha a acontecer ao nível nacional.
"A nossa situação é totalmente regional", afirmou Francisco Oliveira, sublinhando que o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, se comprometeu, hoje mesmo, em entrevista ao JM-Madeira, a avançar com o processo.
"Vamos obrigá-lo a cumprir aquilo que prometeu. Nós queremos mais do que palavras e esta promessa não pode ficar por este dia", alertou o sindicalista, que depois se deslocou à Secretaria da Educação e à Vice-Presidência do Governo Regional da Madeira, onde entregou um documento com as reivindicações e propostas dos docentes.
Quando os manifestantes se encontravam em frente à Assembleia Legislativa, Francisco Oliveira anunciou que o sindicato vai iniciar, a partir desta quinta-feira, reuniões com os vários grupos parlamentares para debater os problemas do setor, exceto com o PSD, o partido maioritário, que ainda não respondeu ao pedido de audiência, situação que motivou uma grande vaia por parte dos professores.
O protesto dos docentes foi, de resto, bastante ruidoso, repleto de bandeiras e tarjas e palavras de ordem como "Hoje a aula é na rua".
Segundo os dados do sindicato, a adesão à greve varia entre os 100%, sobretudo nas escolas do 1.º, e os 30% nas grandes escolas secundárias do Funchal.
A Agência Lusa contactou a Secretaria Regional da Educação mas, até ao momento, não dispunha de dados sobre a adesão ao protesto.
A greve geral dos professores decorre da não contagem do tempo de serviço prevista na proposta do Orçamento de Estado para 2018 (OE2018), que será debatida hoje no parlamento.
LUSA