"Peço à Rússia e à Ucrânia que intensifiquem os esforços diplomáticos através do diálogo para alcançar urgentemente um acordo negociado (…). As armas devem ser silenciadas", disse Guterres numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra moldava, Natalia Gavrilita.
Guterres enfatizou que tal acordo deve respeitar o direito internacional e a Carta das Nações Unidas.
"Peço aos atores regionais e internacionais que apoiem este processo em prol da estabilidade internacional", acrescentou, durante o seu discurso em Chisinau, capital da Moldava.
"Repito a minha oferta de prestar os meus bons ofícios a qualquer momento para pôr fim a esta guerra sem sentido", ofereceu Guterres.
O diplomata português exortou ainda a Rússia a pôr termo às suas ações militares no país vizinho, manifestou a sua “profunda preocupação” com a continuação e possível alastramento do conflito e considerou como inimagináveis as consequências de uma escalada da guerra na Ucrânia.
"Países vizinhos como a Moldova já estão a lutar com as ramificações socioeconómicas desta guerra que veio após a pandemia, e com a recuperação desigual que infelizmente aconteceu no nosso mundo por falta de solidariedade efetiva dos ricos com os pobres", enfatizou.
Depois que um general russo reconheceu que Moscovo está a considerar o acesso à região separatista moldava da Transnístria, Guterres defendeu a integridade territorial do país.
(…) A soberania, independência e integridade territorial da Moldova, e o sólido progresso que fez nas últimas três décadas, não devem ser ameaçados ou prejudicados", disse Guterres.
O ex-primeiro-ministro português também pediu à comunidade internacional que ajude Chisinau a lidar com a enorme vaga de refugiados ucraniano, que o Governo agora estima em quase 100.000.
"A Moldova é um país pequeno com um grande coração. A Moldova merece paz, estabilidade e assistência internacional maciça para resolver o problema dos refugiados", argumentou.
Já Natalia Gavrilita salientou que o seu Governo está a tomar todas as medidas que estão ao seu alcance para preservar a estabilidade em ambos os lados do rio Dniester.
"A guerra na Ucrânia afeta-nos diretamente. A prioridade é manter a paz e garantir a segurança dos moldavos e refugiados ucranianos. Abrimos as nossas casas e nossos corações para eles", disse.
A presidente da Moldova, Maia Sandu, cancelou a sua apresentação perante a imprensa por motivos de saúde.
Na terça-feira, Guterres visitará um campo de refugiados construído com o apoio de agências da ONU, onde conversará com alguns desses refugiados ucranianos, bem como com outros – a maioria – que foram acolhidos por famílias moldavas.
Após a passagem pela Moldova, Guterres viajará para Viena, na quarta-feira, onde realizará várias reuniões sobre alterações climáticas e irá liderar uma reunião com os responsáveis de várias agências da ONU para estudar o progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.