Guterres, que se encontra no Níger, segunda etapa de uma deslocação a três países da África Ocidental (Senegal, Níger e Nigéria) fez a afirmação quando questionado sobre o veto da junta militar no poder no Mali aos órgãos de comunicação franceses Radio France Internationale (RFI) e France24.
Numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, com quem participou nas celebrações do ‘Eid el Fitr’, que marcam o fim do mês de jejum do Ramadão, Guterres disse que viu "com enorme aflição" o primeiro golpe de Estado no Mali em agosto de 2020 e depois "com angústia ainda maior" o segundo, igualmente perpetrado pelos militares malianos, em 02 de maio de 2021.
O secretário-geral acrescentou que a Organização das Nações Unidas deve "continuar com o compromisso com o Mali" e espera que seja possível um acordo entre o seu governo e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para "um período de transição de duração aceitável e que o Mali seja reintegrado no quadro da CEDEAO".
A CEDEAO mantém atualmente um rigoroso embargo económico contra o Mali depois de a junta militar, que governa o país na sequência dos dois golpes de Estado, não ter cumprido a sua promessa de realizar eleições em fevereiro passado e solicitou um período de transição de três anos para o fazer, embora posteriormente o tenha reduzido para dois
"Não comento as medidas que outros decidiram tomar. O que quero é que o Mali tenha flexibilidade suficiente para poder chegar a acordo com a CEDEAO e restaurar a normalidade no país. Isso resolverá todos os problemas no Mali", disse o secretário-geral da ONU.
Além de uma complexa crise política, o Mali atravessa uma grave crise de segurança com a presença de vários grupos extremistas islâmicos que atacam o Exército, a missão da ONU no país e civis, num momento em que a França prossegue a retirada do país dos efetivos militares da sua missão antiterrorista perante o aumento da crescente influência russa junto do novo poder em Bamaco.