"A ajuda humanitária vai entrar, sim ou sim (de qualquer maneira), o usurpador terá que ir-se (embora), sim ou sim, da Venezuela", disse.
Juan Guaidó falava em Chacao, zona leste de Caracas, na Avenida Francisco de Miranda, para milhares de pessoas que hoje se concentraram para exigir ao Governo do Presidente Nicolas Maduro e às Forças Armadas da Venezuela que permitam a entrada de ajuda humanitária no país.
Segundo Juan Guaidó no estado brasileiro de Roraima estará situado o maior centro de recolha de ajuda humanitária internacional.
"Continuamos a convidar os soldados da pátria a unirem-se a nós (à oposição)", frisou.
Por outro lado, insistiu que os venezuelanos têm uma rota traçada que inclui "o fim da usurpação" da Presidência da República, um governo de transição e eleições livres no país.
A oposição não reconhece o resultado das eleições presidenciais de maio de 2018, que dizem ter sido irregulares e por isso acusam Nicolás Maduro de estar a usurpar o poder.
Segundo as redes sociais e a imprensa local, além de Caracas, os venezuelanos realizaram grandes marchas de apoio a Juan Guaidó e para exigir a entrada de ajuda humanitária também nas cidades de Maracay, Barquisimeto, Maracaibo e na ilha venezuelana de Margarita (nordeste da capital).
A oposição venezuelana anunciou, recentemente, a criação de três centros de acolhimento de ajuda humanitária para os cidadãos que vivem na Venezuela, na Colômbia, no Brasil e numa ilha das Caraíbas.
Segundo a imprensa local, parte da ajuda humanitária já chegou a Cúcuta, na Colômbia, onde espera autorização para passar a fronteira até à vizinha Venezuela.
O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
C/LUSA