"Criar uma zona de segurança de 30 quilómetros de largura ao longo da fronteira russa, na qual os voluntários das milícias populares terão o direito de se movimentar e usar as suas armas durante o cumprimento das suas missões", defendeu Yevgeny Prigozhin numa carta endereçada ao Ministério da Defesa da Rússia.
O chefe do grupo de mercenários decidiu tornar a carta pública na sua conta na rede social Telegram, depois de o Ministério da Defesa se ter recusado a recebê-la.
Prigozhin explicou que a proposta surgiu após uma série de reuniões entre o grupo Wagner e representantes da defesa territorial das regiões fronteiriças com a Ucrânia, encontros esses que aconteceram em zonas de treino de milícias russas.
Segundo o líder do grupo paramilitar, o Ministério da Defesa russo não tem forças suficientes para proteger a fronteira com a Ucrânia – que apenas na região Belgorod tem uma extensão de 540 quilómetros – já que para tal precisaria de ter 33 divisões com um total de 198.000 tropas, algo impossível sem uma nova mobilização.
O chefe do grupo Wagner reconheceu que Belgorod – uma das zonas mais atingidas – tem forças suficientes para garantir a sua defesa, propondo-se a formar unidades territoriais de defesa, que seriam incluídas nas forças de reserva do Ministério da Defesa e que teriam os mesmos direitos dos militares que combatem na campanha ucraniana.
Na mesma missiva, Prigozhin propôs ainda que o abastecimento e o equipamento destas unidades sejam da responsabilidade das administrações regionais e locais, cabendo ao Ministério da Defesa garantir o fornecimento de armas e munições necessárias à proteção da fronteira.
Segundo o chefe do grupo Wagner, será necessário criar estas unidades não apenas em Belgorod, mas também nas regiões de Kursk, Briansk, Voronezh e Rostov, todas na fronteira com a Ucrânia.
Os ataques e incursões de grupos de "sabotadores" ucranianos em território russo aumentaram consideravelmente, sobretudo depois da incursão ocorrida na semana passada, reivindicada por dois grupos de milícias russas que lutam ao lado de Kiev: o Corpo de Voluntários Russos e a Legião da Liberdade.
Segundo o Ministério da Defesa russo, todos os participantes daquela incursão foram mortos por tropas russas, o que foi negado por esses grupos.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Lusa