“Este dia de greve poderia ser escusado se a instituição tivesse dado uma resposta que viesse ao encontro das justas reivindicações das trabalhadoras, que reivindicam tratamento igual às trabalhadoras das instituições particulares de solidariedade social na região”, explicou Maria José Afonseca, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritório e Serviços de Portugal (CESP), que convocou a paralisação a nível nacional.
A Santa Casa da Misericórdia de Machico, concelho da zona leste da ilha da Madeira, acolhe 77 idosos e conta com 123 funcionários, dos quais cerca de 40 são ajudantes de lar, sendo que hoje este setor está a operar apenas com serviços mínimos.
De acordo com o sindicato, as ajudantes de lar da Santa Casa da Misericórdia de Machico auferem o salário mínimo em vigor na região – 785 euros – e reivindicam a aplicação do contrato coletivo das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ao setor, com vencimentos de 885 euros.
No protesto junto à instituição, as trabalhadoras exibiram um cartaz com a inscrição “Fim ao trabalho precário” e proferiram palavras de ordem como “Santa Casa escuta, trabalhadores estão em luta”, “Queremos aumento dos salários”, “Salário não aumenta, o povo não aguenta”.
“Foi a primeira vez que as trabalhadoras avançaram para a greve. Esperemos que seja também o último dia de greve”, disse Maria José Afonseca.
De acordo com a sindicalista, das quatro misericórdias da Madeira – Funchal, Santa Cruz, Machico e Calheta – apenas a da Calheta aplica o contrato coletivo de trabalho das IPSS, sendo que nas restantes o setor de ajudante de lar aufere o salário mínimo.
O CESP não indicou a percentagem total da adesão à greve dos trabalhadores das santas casas de Misericórdia na região autónoma.
Em declarações à agência Lusa, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Machico, Nélia Martins, disse, por seu lado, que a greve naquela instituição resulta de não ter havido “tempo, nem espaço”, para um “processo negocial feito com ponderação”, salientando, no entanto, que administração “cumpre tudo o que está previsto na lei” e “reconhece a importância da valorização salarial”, desde que sejam criadas condições para tal.
Lusa