Segundo declarações de um porta-voz governamental citadas pela estação Sky News, o Governo conservador quer que os trabalhistas retirem da moção a referência ao demissionário Boris Johnson.
"Como o primeiro-ministro já se demitiu e está em curso o processo para a liderança, não consideramos que este seja um uso válido do tempo do parlamento", afirmou.
O Partido Trabalhista anunciou que apresentaria uma moção de censura, que justificou como a "última oportunidade" para remover Boris Johnson como primeiro-ministro.
O principal partido da oposição quer impedir que Johnson continue em funções até setembro, quando vai ser anunciado um novo líder do partido escolhido exclusivamente pelos deputados e militantes ‘tories’.
“Não o podem deixar pendurado durante semanas e semanas e semanas até ao 05 de setembro. Seria intolerável para o país”, defendeu o líder Trabalhista, Keir Starmer, num comunicado.
O dia do debate e votação será da responsabilidade do governo, que controla a agenda do parlamento, o qual encerra para férias de verão na próxima quinta-feira, 21 de julho.
Uma moção de censura no parlamento é decidida por uma maioria simples, ou seja, precisa do apoio de pelo menos 322 deputados (excluídos o presidente da Câmara dos Comuns e os sete deputados do Sinn Féin, que não tomaram posse).
Porém, é improvável que o partido Conservador, que tem uma maioria absoluta com uma vantagem de 73 assentos relativamente à oposição deixe passar a moção, preferindo deixar o correr o processo de sucessão interna de Boris Johnson.
Starmer desafia os deputados Conservadores que se manifestaram publicamente não ter confiança no primeiro-ministro a votar ao lado da oposição.
“Conseguem mesmo votar para dizer que ele deve permanecer no poder por mais algumas semanas? Estamos a desafiá-los a colocar os eleitores em primeiro lugar, e a colocar o país primeiro lugar”, afirmou.
Se a moção for aprovada, a Rainha pode pedir a outro deputado para formar um governo com maioria na Câmara dos Comuns ou, na ausência desta hipótese, podem ser convocadas eleições legislativas antecipadas.
O primeiro-ministro demitiu-se da liderança dos ’tories’ na semana passada após na sequência da saída de mais de 50 membros do governo, que responsabilizaram o chefe do Executivo por uma série de escândalos.
A renúncia desencadeou uma eleição eleição para a liderança dos Conservadores, cujo processo abre hoje e encerrará com o anúncio do vencedor a 05 de setembro.
O vencedor será feito primeiro-ministro e convidado a formar governo pela rainha Isabel II, pois o Partido Conservador tem a maioria absoluta no parlamento.