Segundo a imprensa local, o Estado sul-africano irá desembolsar 5 milhões de rands (cerca de 299 mil euros) num “estudo de viabilidade” do projeto, e mais de 17 milhões de rands (pouco mais de um milhão de euros) na instalação da gigantesca bandeira no Parque da Liberdade, em Pretória, a capital do país, onde se encontram várias estátuas alusivas ao movimento de libertação.
O ministro das Artes e Cultura, Nathi Mthethwa, defendeu o projeto salientando que visa promover a “coesão social” no país.
“É um marco bastante claro de rutura com o colonialismo e o ‘apartheid’. Sintetiza os valores democráticos e outros valores”, adiantou à imprensa local o governante sul-africano sobre o seu mais recente projeto.
Todavia, a iniciativa originou forte oposição no país com a confederação sindical Cosatu, principal parceiro na aliança de governação do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder desde 1994, a acusar Mthetwa de “ignorar os pobres” na África do Sul, país que continua a registar recordes de desemprego desde 2008, chegando aos 44,4%, segundo dados oficias.
O porta-voz Sizwe Pamla, citado pela imprensa sul-africana, considerou que “gastar milhões numa bandeira é ultrajante”.
“Como o ANC pode cair abaixo de 50% nas eleições de 2024, há uma suspeita crescente de que as elites do ANC tentam ganhar dinheiro enquanto podem”, escreveu o analista sul-africano Stephen Grootes.
“Existe muito pouca evidência de que o Governo, e o próprio ANC, compreendem o sofrimento de tantos na África do Sul. Em vez disso, o Governo decidiu avançar com uma doação no valor de 50 milhões de dólares [47,1 milhões de euros] a Cuba, apesar de haver menos fome lá do que no nosso país”, frisou.
Por seu lado, a organização não-governamental OUTA (Organization Undoing Tax Abuse) considerou o projeto um “desperdício monumental de dinheiro”.
Após a chuva de críticas, também nas redes sociais, o governante divulgou hoje um comunicado instando o seu ministério a “rever o processo relacionado com a bandeira monumental na totalidade”.