“A nossa rede externa está bastante concentrada no espaço europeu, neste momento. Nós queremos diversificar a rede externa para permitir que as empresas possam, elas próprias, diversificar os seus mercados. Quanto em mais mercados externos nós estivermos, menor será o risco”, disse Bernardo Ivo Cruz aos jornalistas, à margem da apresentação dos objetivos para novo mandato da AICEP.
O secretário de Estado assinalou que, em caso de problemas na economia europeia, as empresas portuguesas ficariam mais protegidas com uma diversificação geográfica mais ampla.
Nesse sentido, remeteu para uma revisão da rede, numa iniciativa que poderá reforçar a presença em mercados como o Canadá ou a Coreia do Sul, que apesar de estarem fora da União Europeia, têm parcerias com a UE.
“Nós não pomos de parte, neste momento, fechar ou abrir [delegações], temos é de ver para onde é que as empresa querem ir e precisam de ir, por um lado, e, por outro lado, aonde é que, não estando ainda no radar das empresas, nos parece útil e importante estarmos para que as empresas tenham apoio nos seus modelos de internacionalização”, acrescentou.
Bernardo Ivo Cruz explicou que o modelo para a revisão da rede ainda não está fechado, mas que o executivo e a agência estão a estudar possíveis destinos estratégicos.
“Estamos a estudar onde é que temos que estar e também estamos a estudar onde é que estamos e não fazemos tanta falta estar”, garantiu.
Já na sua intervenção, o secretário de Estado tinha abordado a necessidade de “repensar a rede externa da AICEP de acordo com critérios objetivos e de eficiência” como um dos nove objetivos para a nova administração da associação, agora encabeçada por Filipe Santos Costa.
Filipe Santos Costa, que tomou posse este mês como presidente da AICEP, disse aos jornalistas que a agência vê maior potencial para “angariar investimento produtivo para Portugal” em mercados como os parceiros mais tradicionais da América do Norte ou da Europa Ocidental, ou em “mercados cada vez mais relevantes” do Sudeste Asiático ou no Médio Oriente.
“A nossa prioridade é atrair mais investimento industrial, intensivo em tecnologia e capital, gerador de bens transacionáveis de elevado valor acrescentado e apreciador das qualificações e dos salários dos portugueses, e os países com principal potencial para isso são alguns dos mais óbvios para todos: Estados Unidos, Alemanha, Japão, para dar alguns exemplos”, adiantou.
Na abertura da cerimónia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, enalteceu que a internacionalização é “imprescindível para a criação de riqueza, que por sua vez é essencial para o desenvolvimento justo e equilibrado do conjunto da sociedade”.
Já o ministro da Economia, António Costa Silva, destacou a “intensificação da revolução tecnológica, da revolução digital, da revolução energética, da transformação completa” das cadeias de produção e abastecimento junto da indústria portuguesa, bem como a maior procura de Portugal por empresas estrangeiras para centros de competência, de engenharia ou de ‘software’.
“As empresas internacionais antigamente procuravam Portugal exatamente para instalarem ‘call centers’. Hoje procuram o país para instalar centros de competência, centros de engenharia, centros de ‘software’”, apontou.