"Hoje, como é sabido, todos os países procuram atrair pessoas e nós temos muito talento espalhado por diferentes recantos do mundo e temos de fazer tudo para atrair aqueles que saíram não por ato de vontade, mas por circunstância de não encontrarem à época as oportunidades no mercado de trabalho que gostariam, e que hoje o país está com uma taxa de desemprego muito baixa, que temos uma economia que está a crescer e que temos projetos onde eles podem encaixar-se", disse Miguel Fontes, em declarações à agência Lusa.
A primeira paragem do secretário de Estado do Trabalho em França é o Consulado-Geral de Portugal em Paris, onde tem prevista uma sessão pública de esclarecimento para falar sobre este programa, depois no fim de semana uma nova sessão no evento Estados Gerais da Lusodescendência em França, que decorre também na capital, com uma equipa da secretaria de Estado a partir no início da próxima semana a Lyon para uma outra sessão junto da comunidade.
Segundo dados fornecidos por Miguel Fontes, desde 2019, altura em que o programa foi lançado, as autoridades portuguesas já receberam cerca de 15.500 candidaturas de emigrantes espalhados pelo mundo, com 11.200 a serem aprovadas, ou seja, cerca de 70%, embora não se saiba quantos já estão efetivamente a viver em Portugal. O maior número de pedidos tem chegado da Suíça, França e Reino Unido, disse.
Atualmente, este programa oferece vantagens fiscais, financeiras, acompanhamento à procura de emprego, apoio do reconhecimento das habilitações e ainda aperfeiçoamento da língua aos portugueses que queiram regressar ao país, incluindo os filhos de emigrantes, que mesmo nunca tendo vivido em Portugal, se queiram instalar no país de origem dos pais ou dos avós.
"A ideia é atrairmos pessoas já nascidas nos países de emigração, ainda que a esmagadora maioria dos que regressaram, são pessoas que saíram entre 2011 e 2015. E é por isso que é importante fazer estas sessões em França para divulgar este programa e mostrar que mesmo quem nasceu noutros países, que têm até um desejo de instalar-se em Portugal, podem fazê-lo", indicou Miguel Fontes.
Entre os candidatos para o programa Regressar, cerca de 40% tem habilitações ao nível do ensino superior, uma caraterística que o governante ressalva.
De forma a atrair emigrantes e descendentes de portugueses que vivem no estrangeiro, onde os salários são mais elevados que em Portugal, e com dados que mostram que em 2021 cerca de 60 mil portugueses deixaram o país, o secretário de Estado garante que o executivo está a fazer tudo para a retenção dos jovens em Portugal.
"Temos de atuar em todas a frentes e, por isso, estamos a fazer um esforço determinado para criar as condições para que essa emigração menos desejada e mais forçada, não aconteça. E temos várias medidas em curso nesse sentido, desde logo a valorização salarial dos jovens", indicou o governante, enumerando ainda as creches grátis ou o combate ao trabalho precário.
Para Miguel Fontes, só assim Portugal conseguirá ultrapassar o seu problema demográfico e ganhar "a luta feroz" por talentos.
"Hoje os países e organizações, numa economia baseada no conhecimento, na informação, precisam de pessoas e pessoas qualificadas. Portanto há uma luta feroz por estas pessoas, nós sabemos que temos um problema demográfico em Portugal e que não o conseguimos ultrapassar esperando apenas que o ciclo se inverta", concluiu.