O Governo da Madeira prepara-se para proibir a utilização de covos de pesca nas Desertas, porque são uma ameaça para a colónia de lobos-marinhos, contribuindo para a elevada taxa de mortalidade das crias, disse hoje o chefe do executivo.
"Muitos animais [até um ano de vida] ficam presos nos covos e isso obriga a que o Governo vá tomar uma decisão, no sentido de evitar a sua colocação nas Desertas", afirmou Miguel Albuquerque, no decurso do ‘workshop’ de encerramento do Projeto LIFE Madeira Lobo-marinho, que decorre no Funchal.
O projeto teve início em 2014 e consistiu em vários trabalhos com vista à conservação do lobo-marinho, designação atribuída na região à foca monge, e ao desenvolvimento de um sistema de seguimento do seu estatuto de conservação, contando com um orçamento de 1,1 milhões de euros, cofinanciado pelo Programa LIFE a 59%.
A colónia de lobos-marinhos das ilhas Desertas, a cerca de 50 quilómetros do Funchal, estimada entre 25 e 30 exemplares, continua a crescer, mas de "forma lenta", conforme explicou a bióloga Rosa Pires, responsável pelo projeto.
A taxa de mortalidade das crias até um ano de vida é muito elevada, sendo comum a sobrevivência de apenas uma em cada quatro.
"As ameaças para esta população estão associadas a fatores essencialmente naturais, isto tem a ver com o facto de as crias nascerem em grutas e começarem a fazer as primeiras saídas para o mar em épocas que coincidem com tempestades marinhas", esclareceu Rosa Pires.
Por outro lado, existem "algumas ameaças" relacionadas com atividade humana, como o turismo e a pesca, neste caso devido à utilização de covos, artefacto que consiste num cesto com abertura afunilada para apanhar peixes e crustáceos, onde as crias de lobo-marinho ficam também presas.
As Desertas têm o estatuto de reserva natural, sendo uma parte integral e outra parcial, onde é autorizada a pesca.
O executivo regional prepara-se, agora, para proibir a utilização dos covos em toda a área.
"Vamos ver quais são as necessidades e o que é preciso fazer para aumentar a taxa de sobrevivência do lobo marinho", afirmou Miguel Albuquerque, reforçando que isso passa por "evitar a colocação dos covos".
O presidente do Governo Regional realçou ainda que a Madeira tem de "continuar a ser pioneira" nas políticas de preservação do património natural.
C/Lusa