“Estamos naturalmente disponíveis para reavaliar essa reintrodução se as circunstâncias epidemiológicas o exigirem”, afirmou Marta Temido em conferência de imprensa no final da reunião semanal do governo, explicando que o fim dessa comparticipação em 30 de abril se deveu à alteração da situação epidemiológica.
“A comparticipação foi um mecanismo de proteção das pessoas financeiramente vulneráveis quando impúnhamos o teste como esquema para controlar o acesso a determinados espaços. A partir do momento em que essa circunstância não existe, deixou de ter cabimento”, disse Marta Temido.
A ministra reiterou a sua confiança na testagem “como mecanismo de segregação de suspeitos e casos”, mas vincou que há atualmente alternativas “com igual eficácia e validade”.
“Sempre dissemos que iríamos adaptando a política de testagem – designadamente a comparticipação – àquilo que fosse a evolução da situação epidemiológica e a situação é hoje distinta. Os meios de que a população dispõe para a realização de testes são também distintos. Os testes em farmácia não são a única forma de testagem, os testes passiveis de ser adquiridos nas grandes superfícies são também uma metodologia de testagem válida e acessível”, notou.
Marta Temido reconheceu também o atual aumento da transmissão da covid-19 sem deixar de observar que “este facto não é completamente inesperado” perante a retoma de uma vida normal e com menos restrições, lembrando ainda a expansão da linhagem BA.5 da variante Ómicron do SARS-Cov-2, cuja incidência “é já estimada em 20%”, remetendo para o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
“Sabíamos que a circunstância de estarmos com uma doença que permanece em circulação e que tem elevada transmissão nos contextos de maior mobilidade, com a circunstância de nos aproximarmos de uma vida normal, teria impacto. Também sabemos que estamos perante a emergência de linhagens da variante Ómicron que são potencialmente mais competitivas. Não tendo a informação de que seja mais gravoso, é mais transmissível e isso traduz-se num aumento de casos”, disse, acrescentando que as autoridades de Saúde estão a acompanhar a situação.
Marta Temido – que esteve acompanhada pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos – assumiu que o provável aumento de casos poderá igualmente resultar no recrudescimento dos níveis de mortalidade.
“Provavelmente, poderemos ainda assistir a uma inversão do decréscimo da mortalidade específica por covid-19. Estávamos numa tendência de decréscimo e isso poderá inverter-se, mas a situação mantém-se controlada. Estamos a acompanhar os indicadores e a trabalhar com as instituições”, sentenciou.
Lusa