“Se acontecer qualquer alteração das circunstâncias, estaremos cá, com a vigilância máxima que estamos a assegurar, desde logo com o acompanhamento científico do CIVISA, e serão feitos os devidos alertas”, afirmou José Manuel Bolieiro, após o briefing diário de coordenação da Proteção Civil.
Segundo o responsável do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), desde o início da crise no sistema fissural vulcânico das Manadas, já foram registados mais de 14 mil sismos na ilha de São Jorge, que não provocaram danos.
Segundo Rui Marques, todos estes sismos foram de baixa magnitude, tendo cerca de 200 sido sentidos pela população.
O número de sismos registados no âmbito desta crise é mais do dobro do total de sismos registados em toda a região autónoma dos Açores, – nas 50 zonas sismogénicas que o CIVISA monitoriza – durante todo o ano 2021.
As Velas têm atualmente metade dos habitantes, depois de os restantes se terem deslocado, por precaução, para o concelho vizinho e para outras ilhas dos Açores.
“Cerca de 2.500 pessoas saíram do concelho” desde que se iniciou a crise, em 19 de março, disse à agência Lusa no sábado o presidente da Câmara Municipal das Velas.
Segundo Luís Silveira, cerca de 1.500 habitantes saíram, por via marítima e aérea, para outras ilhas dos Açores, a maioria dos quais para o Pico e Faial, mas também para a Terceira e São Miguel, onde ficam em casas de familiares e amigos.
Os restantes optaram por ir para o concelho da Calheta, considerado pelos especialistas que estão a acompanhar a crise como mais seguro.
Em declarações hoje aos jornalistas, o presidente do Governo dos Açores assegurou que “não houve nenhuma orientação oficial para qualquer êxodo” de população do concelho das Velas.
“Este êxodo é da responsabilidade única e exclusiva da decisão voluntária, pessoal e familiar”, afirmou José Manuel Bolieiro, ao salientar que a sua presença nas Velas nos últimos dias, onde está acompanhado do secretário regional que tutela a Proteção Civil regional, é a “demonstração da normalidade que é possível manter na vila de Velas”.
“As pessoas não precisavam, por orientação oficial, de sair, nem recomendamos sair. Não travamos qualquer saída porque é o exercício de liberdade e de mobilidade de qualquer pessoa”, afirmou o chefe do executivo açoriano.
Segundo disse, o que foi feito foi a deslocalização de pessoas idosas ou com mobilidade condicionada, de forma preventiva.
“Quando aos restantes residentes, a nossa comunicação é no sentido da normalidade desta vida aqui no concelho de Velas”, salientou José Manuel Bolieiro, ao avançar ainda que estão garantidos 1.366 lugares para alojamento em caso de necessidade de retirada da população.
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Lusa