Os dados foram hoje divulgados pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), com base numa análise realizada pela sua Comissão Técnica de Fármaco-Economia, (CTFE).
“Considerando que os atuais encargos terapêuticos com a VIH representaram um dos maiores aumentos de despesa entre janeiro e junho de 2023, de acordo com o relatório de monitorização do consumo de medicamentos em meio hospitalar do Infarmed, o potencial dos medicamentos genéricos para aumentar o acesso dos doentes à terapêutica com redução da despesa é muito significativo”, salienta a associação em comunicado.
A presidente da APOGEN, Maria do Carmo Neves, realça citada no comunicado que os “medicamentos genéricos revolucionaram a acessibilidade no tratamento desta doença crónica que impacta a vida de cerca de 48 mil portugueses”.
“Lançados em 2019, no mercado português, os primeiros antirretrovirais genéricos permitiram uma diminuição significativa com encargos terapêuticos no VIH, potenciando o maior acesso e a sustentabilidade financeira do SNS, devido ao seu preço mais acessível”, salienta.
Maria do Carmo Neves realça ainda que, enquanto não se conseguir concretizar o objetivo global de erradicar a sida, “os medicamentos genéricos têm permitido aumentar a qualidade de vida dos doentes com VIH”.
“Num período de incerteza política, económica e social”, a associação considera que “nunca foi tão relevante a discussão do atual modelo do SNS, incluindo dimensões como a sustentabilidade e a eficiência financeira, pelo que os medicamentos genéricos, ao serem mais custo-efetivos, aumentam a oferta de fármacos e facilitam uma gestão equilibrada dos recursos existentes”.
Ainda assim, considera que o Ministério da Saúde precisa “de ter em consideração o contributo da indústria de medicamentos genéricos e biossimilares para o Estado e proporcionar a viabilidade financeira destes segmentos no mercado”.
“Face aos desafios operacionais, económicos e de contexto, é prioritário assegurar uma cadeia de valor do medicamento competitiva e capaz de garantir o abastecimento e evitar potenciais ruturas, de modo a não impactar futuros lançamentos de fármacos que geram mais acesso à saúde”, defende a presidente
Portugal registou 804 novos casos de infeção por VIH no ano passado, confirmando uma tendência decrescente que se verifica desde 2000, segundo o relatório “Infeção por VIH em Portugal – 2023”.
O documento, apresentado pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, adianta que há “uma redução de 56% no número de novos casos de infeção por VIH e de 74% em novos casos de sida entre 2013 e 2022”.