“De um modo geral, os modelos (climáticos) confirmam uma redução da precipitação em conjunto com um aumento consistente de temperaturas médias, resultando em maior evapotranspiração”, refere a Associação Natureza Portugal, representante nacional da organização internacional World Wide Fund for Nature (ANP/WWF).
O resultado disso, com tendência para um agravamento até 2050, será “menos água no solo, nos rios e nos aquíferos à medida que avançar o século XXI”.
Os cenários possíveis decorrem de um aumento de temperatura no século XX e uma tendência de redução da precipitação, sobretudo mais a sul.
“No entanto, dada a alta variabilidade da precipitação, não há uma tendência clara para o século XXI”, salienta o relatório.
Daí, prevê-se irregularidade “no volume, sazonalidade e intensidade” da precipitação e mais frequência de tempestades intensas.
Mesmo sem mudanças nas exigências do consumo humano, as plantas e os animais terão mais dificuldade em satisfazer todas as suas necessidades de água. Para os humanos, será um desafio ter disponível toda a água para manter o estilo de vida atual”, indica a organização.
A ANP/WWF considera essencial que quem consome mais água pague mais por ela, defendendo que o Governo português aplique tarifas progressivas à exploração de água de furos na costa sul algarvia e que o executivo espanhol faça o mesmo nos aquíferos alimentados pelos rios Guadiana e Doñana.
Defende também que haja uma revisão dos caudais acordados nos rios internacionais pela Convenção de Albufeira e que se antecipem eventos meteorológicos extremos na gestão das bacias hidrográficas, prevendo-se as circunstâncias em que é preciso armazenar para as secas ou garantir fluxos mínimos para limitar os impactos nos cursos de água.
Em toda a península, o relatório defende que se “mude a relação com a água”, especialmente por parte “dos setores produtivos que consomem mais, principalmente para uso agrícola”.