A família do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela mostrou-se hoje “consternada e indignada” com as acusações de má gestão e de desvio de fundos na preparação do funeral do Nobel da Paz, em 2013.
Na semana passada, o organismo de luta contra a corrupção sul-africano declarou ter descoberto elementos que provam que desapareceram 22 milhões de dólares (quase 18,7 milhões de euros) durante os preparativos funeral do ícone da luta contra o sistema de segregação racial (“apartheid”) na África do Sul.
Sem adiantar nomes, o organismo indicou que os responsáveis são acusados de inflacionar custos, de atribuir fraudulentamente contratos e, mais generalizadamente, de má gestão financeira do acontecimento histórico que reuniu líderes de todo o mundo.
Mandla Mandela, o neto mais velho do líder histórico sul-africano, disse a que toda a família reagiu com “indignação e consternação”.
“Descobrimos com incredulidade que enquanto nós, a família, a Nação e o mundo inteiro chorávamos a morte do nosso ícone, líder e estadista, outras pessoas preocuparam-se mais em lucrar financeiramente ao desviar fundos desavergonhadamente”, declarou Mandla, exigindo que os culpados sejam levados à justiça.
Nelson Mandela morreu a 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, e o funeral decorreu na sua terra natal, Qunu, no sudeste da África do Sul, depois das cerimónias fúnebres nacionais, realizadas a 15 de dezembro na presença de presidentes, reis e centenas de personalidades mundiais.
Segundo a Comissão de Luta contra a Corrupção sul-africana, cerca de 300 milhões de rands (22 milhões de dólares – 18,7 milhões de euros) foram desbaratados.
“É inconcebível que uma herança baseada em princípios, integridade e ética exigentes possa ser pilhada e associada a tais intenções criminais”, prosseguiu a família de Nelson Mandela.
A oposição sul-africana foi a primeira a dar o alerta, ao exigir, um mês após as exéquias fúnebres, um inquérito aos gastos com o funeral, verbas pagas pelos contribuintes
No seu livro de memórias, a antiga assistente de Mandela, Zelda la Grange, considerou “caóticos” os gastos nos preparativos das cerimónias fúnebres, lembrando que os planos iniciais eram constantemente alterados.
LUSA