"Esta madrugada, as forças armadas da Federação Russa lançaram um ataque concentrado com armas de longo alcance e alta precisão, pelo ar e pelo mar, em pontos de destacamento das forças armadas da Ucrânia, bem como nos locais de armazenamento de munições, armas e armamento militar entregues por países ocidentais", disse o porta-voz militar russo, tenente-general Igor Konashenkov.
Konashenkov garantiu que "todos os alvos designados foram atingidos".
Sem apresentar provas, o Ministério da Defesa russo afirmou ter destruído em Kiev um sistema antiaéreo norte-americano Patriot e ter intercetado sete mísseis britânicos Storm Shadow.
As declarações de Konashenkov surgem depois de a força aérea ucraniana ter afirmado, num comunicado, que as defesas antiaéreas da Ucrânia derrubaram hoje na capital ucraniana seis mísseis supersónicos, nove mísseis de cruzeiro e três mísseis balísticos, num ataque que começou por volta das 3h30 locais (1h30 em Lisboa).
O ataque da Rússia a Kiev foi "excecional na sua intensidade, atendendo ao número de mísseis de ataque lançados num curto período de tempo", disse o chefe da Administração Militar de Kiev, Sergii Popko.
"De acordo com informações preliminares, a grande maioria dos alvos inimigos no espaço aéreo de Kiev foram detetados e destruídos", disse Popko.
Além dos mísseis, a Rússia lançou nove ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) fabricados no Irão, que os ucranianos afirmaram também ter destruído.
É a oitava vez que a capital da Ucrânia é bombardeada durante este mês de maio, com o ataque desta madrugada a provocar pelo menos três feridos.
O ataque também ocorre num momento em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, concluiu uma ronda por várias capitais europeias, onde se encontrou com os líderes dos principais aliados ocidentais da Ucrânia, tendo garantido promessas de mais ajuda militar.
Konashenkov também admitiu hoje que as tropas russas estão numa posição defensiva nos arredores de Bakhmut, na região de Donetsk, onde unidades ucranianas recuperaram território nos últimos dias.
O porta-voz militar russo sublinhou que "a situação mais complicada" está a acontecer na área da cidade de Krasnoye (Ivanivske), localizada a sudoeste de Bakhmut.
Os ucranianos também estarão a avançar em Chasiv Yar e Bohdanivka, posições que estão a ser constantemente bombardeadas por aviões russos.
Konashenkov referiu ainda que as unidades de assalto russas, referindo-se aos mercenários do Grupo Wagner, continuam as suas operações ofensivas dentro da própria cidade de Bakhmut, concretamente na zona ocidental, onde resistem os últimos militares ucranianos.
Segundo o chefe do grupo paramilitar, Yevgeny Prigozhin, as tropas ucranianas mantêm apenas dois pequenos setores, no oeste e no sudoeste de Bakhmut. Ao mesmo tempo, Prigozhin admitiu problemas nos flancos defendidos por tropas regulares russas.
As informações fornecidas pelas partes sobre a situação nas frentes de batalha não podem ser confirmadas de forma imediata e independente.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra mais de 8.700 civis mortos e mais de 14.800 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.