O projeto interdisciplinar, financiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Erasmus+, e pela União Europeia pelo fundo Marie Sklodowska-Curie do Horizonte, marca presença nos Jogos Europeus Universitários, que decorrem até 28 de julho, no Estádio Universitário de Coimbra, com várias atividades, de um ‘pedal bar’ passando por um inquérito sobre atividade física e uma banda desenhada sobre a doença de FiGNA.
O projeto foca-se sobretudo na “pesquisa biométrica sobre esta doença metabólica, um tópico quente pela incidência e prevalência, à volta de 25% da população europeia e mundial”, um número que poderá ser “um pouco mais alto” em Portugal.
A síndrome apresenta ainda uma ligação a obesidade, com “90% de incidência”, e a diabetes tipo 2, com “70% de prevalência”, e caracteriza-se por uma acumulação de gordura devido a hábitos alimentares e de vida mais sedentários.
“É muito preocupante. A gordura acumula-se no tecido adiposo e acaba depois por afetar os órgãos internos”, atirou.
Assim, um total de 13 investigadores trabalham na rede sobre a doença, que segundo as estimativas afeta uma em cada quatro pessoas, sendo que Mireia trabalha especificamente na área da comunicação das informações recolhidas.
“O que estou a tentar fazer é simplificar toda a informação para que chegue ao público, não daqui a 20 anos, quando já está tudo claro, mas já, para que as pessoas possam fazer o possível para o evitar, nomeadamente com exercício físico e hábitos alimentares”, explicou à Lusa.
Vários fatores psicossociais contribuem para a prevalência de uma doença “difícil de diagnosticar” antes de começar a afetar o fígado, entre elas a condição económica, uma vez que “quem tem um ‘status’ económico mais baixo tem taxas mais altas de incidência”, mas também a cultura de pares e de cada país.
O desporto tem, assim, um papel fundamental, por atrair “muita atenção e por toda a gente amar desporto”, e o facto de “mover muitas pessoas é muito interessante”.
“Criámos um plano em cooperação com os Jogos Europeus Universitários em que pudéssemos ter a maior abrangência possível. Não só chegar aos atletas, que já praticam exercício, mas também a pessoas da cidade e visitantes que não sejam tão ativas”, afirmou.
O trabalho, que decorre no CNC sob a supervisão do presidente, João Ramalho Santos, além de Anabela Marisa Azul, incide também na criação de bandas desenhadas sobre os temas, para facilitar o acesso a informação.
Além de uma BD e de um inquérito sobre atividade física e os benefícios para a saúde, a equipa criou “crónicas no Diário de Coimbra”, além de vários vídeos e um ‘flyer’ informativo.
O objetivo é que os atletas sejam “embaixadores” e possam “fazer refletir parte de Coimbra e quem vem desfrutar do desporto sobre a própria atividade física”.
A estudante, de 26 anos, formou-se em Ciências Biomédicas na Universidade de Barcelona, antes de concluir um mestrado em Neurociências na Universidade de Maastricht, na Holanda, antes de se mudar para o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) para um doutoramento em Comunicação de Ciência.
Segundo a investigadora, as parcerias multidisciplinares, como a que foi criada dentro da rede Foie Gras, são “sempre úteis, porque a academia, como o desporto, fica muito fechada em si”, e os dois meios podem juntar-se para reduzir “o fosso de conhecimento entre a academia e a sociedade”, com os agentes desportivos a agirem como intermediários.
“Também somos parte da herança que os Jogos Universitários vão trazer a Coimbra, e acho que é mutuamente benéfico”, completou.
A quarta edição dos Jogos Europeus Universitários decorre até 28 de julho e traz 13 desportos diferentes a Coimbra, com a participação de cerca de 4.500 atletas – a sua maioria campeões nacionais universitários nas 13 modalidades em competição, entre eles cerca de 450 portugueses -, de 295 universidades de 40 países.
LUSA