Numa visita ao Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, Blinken afirmou que nunca as “verdades inquietantes” e “lições” de visitas àquele lugar lhe pareceram “tão urgentes” como agora.
“O Governo russo continua a travar a sua guerra brutal e não provocada contra a Ucrânia. Cada dia temos mais ataques angustiantes, mais homens, mulheres e crianças inocentes mortos”, disse.
“Isso inclui as cinco pessoas que foram mortas num ataque em 01 de março, a uma torre de TV nos arredores de Kiev, o mesmo local onde, há pouco mais de 80 anos, 33.771 judeus foram mortos pelos nazis em apenas dois dias: Babyn Yar.”, acrescentou o secretário de Estado.
Babyn Yar, referida por Blinken, é uma ravina existente em Kiev, capital da Ucrânia, que ficou conhecida na história como local de um dos maiores massacres de judeus e civis da então União Soviética pelos nazis, durante a Segunda Guerra Mundial.
O secretário de Estado recordou que na Ucrânia residem quase 10.000 sobreviventes do Holocausto, e citou o caso de uma mulher de 88 anos, Natalia Berezhnaya, de Odessa, que disse recentemente, numa entrevista, estar a reviver hoje o que experienciou em 1941: “É difícil entender o facto de que em 1941 eu tive que me esconder no porão deste prédio, e que vou ter que fazer isso de novo agora".
“O Kremlin tentou justificar essa guerra alegando falsamente que está a intervir para impedir o genocídio, abusando do termo que reservamos para as atrocidades mais graves, desrespeitando todas as vítimas desse crime hediondo”, observou o norte-americano.
No Museu Memorial do Holocausto, Antony Blinken aproveitou ainda para referir “outros lugares no mundo onde estão a ser cometidas atrocidades horríveis”, como na China, Etiópia ou Sudão.
“Em Xinjiang, […] o Governo chinês continua a cometer genocídio e crimes contra a humanidade contra uigures predominantemente muçulmanos e outros grupos minoritários”, deu como exemplo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa