Os investigadores, também da Universidade de Oregon e do Instituto de Ciências Biológicas da Virgínia, resumiram as conclusões numa série de artigos publicados na revista BioScience e todos concordaram que os efeitos da crise climática são demasiado evidentes.
Entre os sinais de aviso, os investigadores apontaram que 2020 foi o segundo ano mais quente desde que há registos, enquanto os cinco anos mais quentes da história ocorreram desde 2015.
Além disso, três grandes gases com efeito de estufa, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, atingiram um recorde de concentração atmosférica no ano passado e este ano também.
"Há provas crescentes de que estamos a aproximar-nos ou já fomos além dos pontos de rutura associados a partes importantes do sistema terrestre, incluindo recifes de coral de águas quentes, floresta tropical amazónica e lençóis de gelo da Antártida Ocidental e Gronelândia", disse o professor de ecologia na Universidade do Oregon William Ripple.
Os cientistas comprovaram que a coincidência de tantos relatos de eventos naturais extremos, tais como os incêndios na Califórnia ou as inundações na Europa Central, é uma resposta à rápida deterioração do clima.
Como exemplo, citaram os quatro milhões de hectares que arderam nos Estados Unidos em 2020 ou um milhão de hectares perdidos na Amazónia brasileira no mesmo ano.
"As políticas para combater a crise climática ou qualquer outro sintoma devem abordar a razão: a sobre-exploração humana do planeta", advertiu Ripple.
Os autores do estudo sugeriram que vão ser necessárias mudanças profundas no comportamento humano para enfrentar os desafios da "crise climática", um termo acordado por mais de 11 mil cientistas em 2019 para se referir ao que era anteriormente conhecido como "aquecimento global".
Entre as recomendações, encorajaram a "eliminação gradual e eventual proibição" dos combustíveis fósseis, bem como o desenvolvimento de reservas climáticas estratégicas.
Quando a economia global parou no primeiro semestre de 2020 devido à pandemia de Covid-19, certos níveis caíram, mas espera-se que o produto interno bruto global "recupere para um nível sem precedentes" e com ele todas as emissões poluente, indicaram.