"São totalmente falsas as notícias que justificam uma alegada falta de bens essenciais no arquipélago da Madeira com a greve convocada pelo SEAL, Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística, para o porto de Lisboa", refere um comunicado hoje divulgado pelo sindicato, salientando que a referida greve ainda não teve início.
"Não deixa de ser surpreendente aliás, que as notícias falsas [publicadas na imprensa regional da Madeira] tenham desde logo merecido intervenções políticas, inicialmente por parte do CDS/Madeira", acrescenta o comunicado do SEAL, que também acusa o Governo Regional da Madeira de ter aderido ao que diz ser uma "campanha difamatória" contra os estivadores.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do SEAL, António Mariano, lamenta a alegada campanha difamatória contra os estivadores e sublinha que o pré-aviso de greve não abrange o grupo português ETE, que faz o carregamento de navios para a Madeira.
"O absurdo – e por isso nos sentimos na obrigação de fazer este comunicado – é que o pré-aviso de greve deixa de fora o grupo ETE, que faz o carregamento dos navios que abastecem, em exclusivo, a Madeira. Não há nenhum navio da Madeira que esteja exposto a este pré-aviso de greve", frisou.
"De cada vez que há uma greve de estivadores, diz-se que todos os produtos vão faltar.
Depois há uma corrida aos supermercados, os produtos acabam mesmo por esgotar – mas não por causa da greve – e depois aumentam-se os preços. Penso que poderá haver aqui algum aproveitamento dos agentes económicos", acrescentou António Mariano.
O presidente do SEAL estranha também que o grupo Yilport tivesse solicitado o cumprimento de serviços mínimos nas ligações para a Madeira, uma vez que aquele grupo não faz o carregamento de navios para aquela região autónoma.
"O absurdo disto é que o grupo Yilport, ou não sabe as cargas que movimenta, ou está deliberadamente a tentar confundir o mercado ou a participar nesta campanha contra os estivadores", disse António Mariano.
No comunicado divulgado hoje, o SEAL manifesta também "surpresa pela posição do grupo SONAE", que "aproveitando essa mesma campanha difamatória, deu sequência à mesma, criando `compensações em cartão´ de 10% do valor das compras, para colmatar os alegados `transtornos causados pelos atrasos nos portos´".
"Parece que a greve dos estivadores até serve para alimentar, na Madeira, uma campanha de marketing do próprio Continente", acrescenta o comunicado, reiterando que a falta de bens essenciais na Madeira não pode ser justificada com uma greve que ainda não começou e que nem sequer irá afetar qualquer ligação marítima para a Madeira.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da cadeia de hipermercados Continente disse que, entre 31 de janeiro e 08 de fevereiro, “não chegou à Madeira qualquer barco de produtos”, acrescentando que, nesse período, “estava a decorrer uma campanha do Continente com 10% de desconto”.
De acordo com a mesma fonte, “o Continente resolveu alargar o período de campanha”, de modo a “compensar os clientes”.
C/Lusa