“A primeira fase da vacinação ainda não terminou (…) e alertamos sobre dificuldades na distribuição de oxigénio medicinal nos setores público e privado”, disse o coordenador da da Organização Não Governamental (ONG) Médicos Unidos da Venezuela (MUV) aos jornalistas.
Jaime Lorenzo explicou que “é necessário aplicar a segunda dose da vacina, completar o esquema de vacinação”, vincando que não haver segundas doses de vacinas é um "desrespeito". "Entendemos que se prolongue o prazo, mas há que cumprir o planificado”, acresenta.
O médico alertou ainda para a importância de manter o distanciamento social nos locais de vacinação contra a covid-19.
“Nesses centros de vacinação maciços, o mais provável é que tenhamos altíssimos contágios, porque não há distanciamento social, não há organização”, disse.
O coordenador da MUV questionou o modo com o processo é gerido e diz que “não há um plano nacional de vacinação, o que há é uma atividade nacional de vacinação”.
Jaime Lorenzo alertou ainda para a existência de médicos do setor público que ainda não estão imunizados.
Por outro lado, a presidente do Colégio de Enfermaria do Distrito Capital (equivalente à Ordem dos Enfermeiros), Zenaida Figuera, alertou que nalgumas regiões da Venezuela “ainda não foram vacinados, nem 1% dos trabalhadores” do setor da saúde.
O alerta da MUV teve lugar no mesmo dia em que a imprensa local dá conta de que a falta de vacinas russas Sputnik V, em Caracas, impede que alguns cidadãos da terceira idade completem o processo de imunização com uma segunda dose da vacina.
Hoje, o conhecido insectologista e internista venezuelano Júlio Castro recomendou à população com menos de 60 anos de idade que acuda aos centros onde foram vacinados para exigir que coloquem no certificado o nome Sinopharm, em vez da indicação “Vero Cell” para evitar contratempos nas viagens a países com a Espanha.
“A Sinopharm é a única vacina chinesa que está sendo aplicada na Venezuela”, disse à Unión Rádio.
Júlio Castro insistiu que as vacinas são seguras, não são experimentais, já passaram por um processo de investigação e que “é totalmente falso” que produzam “magnetismo” ou “modifiquem o ADN” das pessoas.
Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.
O país contabilizou 2.958 mortes e 260.740 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.