“Chegou o momento para a União Europeia (UE), que se afastou dos seus valores fundamentais e esteve nos últimos anos sob a influência das políticas a curto prazo dos seus Estados-membros, escrever uma nova história para si mesma com a guerra da Ucrânia”, afirmou Recep Tayyip Erdogan.
“Hoje, esta tragédia que decorre no centro da Europa perante o mundo inteiro é uma advertência para a UE”, acrescentou o Presidente islamista conservador.
Ao acentuar a importância do seu país para a UE e na região, o Presidente turco sublinhou a necessidade “de solidariedade, cooperação e, sobretudo, de uma perspetiva visionária e corajosa, como no período em que se assentaram as bases da integração europeia”.
“Os efeitos negativos da guerra na Ucrânia, que atingiram dimensões mundiais, confirmam uma vez mais a importância estratégica da Turquia para a UE em muitas áreas, em particular em termos de segurança, migração, cadeias de aprovisionamento e energia”, assegurou Erdogan, que reiterou a determinação do seu país no processo de adesão plena à União.
As negociações entre Bruxelas e Ancara para integração na UE iniciaram-se em 2005, mas encontram-se bloqueadas há vários anos face à deriva autoritária do Governo de Erdogan.
Em simultâneo, o chefe de Estado turco prometeu ainda hoje que não reenviará à força para o país de origem os mais de 3,6 milhões de refugiados sírios acolhidos na Turquia.
“Protegeremos até ao fim os nossos irmãos expulsos da Síria pela guerra (…). Nunca os expulsaremos deste solo”, declarou, ao denunciar as sugestões dos dirigentes da oposição que vêm exigindo o reenvio dos sírios para o seu país, vizinho da Turquia.
Diversos partidos da oposição têm apelado com insistência ao reenvio de milhões de refugiados para a Síria.
Na semana passada, o Partido Republicano do Povo (CHP, principal força da oposição), assegurou que caso alcance o poder nas legislativas e presidenciais de 2023, todos os sírios deverão deixar a Turquia “em dois anos”.
Na mesma ocasião, o chefe de Estado turco anunciou que preparava “o regresso de um milhão” de sírios para o país de origem, de forma voluntária, e o financiamento de alojamentos e estruturas adaptadas no noroeste da Síria, a última região do país que escapa ao controlo de Damasco, com o apoio de organismos internacionais.
Desde 2016 e o início das operações militares turcas na Síria, cerca de 500.000 sírios regressaram a estas “zonas de segurança” estabelecidas por Ancara ao longo da sua fronteira, segundo Erdogan.
A Turquia acolhe um total de cerca de cinco milhões de refugiados, em particular sírios e afegãos, nos termos de um contrato assinado com a UE em 2016.