“No processo [negocial] que prossegue na Bielorrússia pode dizer-se que há acordos sobre alguns temas, seja a NATO, seja o desarmamento, seja a segurança coletiva ou o estatuto oficial da língua russa. Mas fora disto estão os temas da Crimeia e Donbass, e isso desde logo não pode ser bem recebido pela Ucrânia”, disse o Presidente Recep Tayyip Erdogan numa referência a uma possível renúncia de Kiev a esses territórios.
A península da Crimeia foi anexada em 2014 pela Rússia, e Moscovo reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas do Donbass três dias antes da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.
Erdogan emitiu estas declarações num encontro com os ‘media’ turcos, transmitido em direto pela NTV, e após participar na cimeira da NATO em Bruxelas, onde também manteve encontros paralelos com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, o seu homólogo francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Tony Blair, o italiano Mario Draghi, e a Presidente da Estónia, Kaja Kallas.
O chefe de Estado turco acrescentou que considerou “próprio de um líder prudente” a proposta do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, emitida na passada segunda-feira, de submeter a referendo popular os acordos que se negoceiem com a Rússia.
Erdogan reiterou que mantém firme a sua posição de não reconhecer a anexação da Crimeia.
O Presidente turco sublinhou que continua envolvido na mediação entre Zelensky e o seu homólogo russo Vladimir Putin, e que estará disposto a acolher um encontro entre ambos “seja em Ancara, Istambul ou noutra província” da Turquia.
Acrescentou ainda que, desde o início da guerra, “cerca de 60.000 ucranianos chegaram à Turquia”, e estão a receber ajuda de organismos oficiais turcos de ajuda humanitária.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa