Em comunicado, no dia em que assinala o Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, o Electrão adianta que o “percurso de 73 equipamentos, distribuídos em 12 dos concelhos mais populosos da área de Lisboa e Porto, foi monitorizado em tempo real através de GPS instalados (…) em cada um dos aparelhos”.
Esta monitorização “revelou que a esmagadora maioria dos aparelhos colocados na via pública, para recolha por parte dos serviços municipais, é canalizada para o circuito informal, o que significa que os equipamentos são transformados em muitos casos em sucata metálica sem que seja acautelada a sua descontaminação”, adianta o Electrão.
Segundo o estudo, 75% integrou o mercado paralelo e só 25% destes equipamentos teve como destino final um Operador de Tratamento de Resíduos, licenciado para descontaminar os aparelhos e recuperar os materiais reciclados.
O Electrão destaca também que a monitorização via GPS “permitiu perceber que muitos equipamentos foram encaminhados para operadores que não estão capacitados para o tratamento de equipamentos elétricos e para portos marítimos, o que significa que alguns aparelhos acabam por ser exportados”.
“Mesmo quando são entregues pelos cidadãos em ecocentros e em outros locais fixos das câmaras municipais, de acesso público, uma parte significativa (37 por cento) destes equipamentos elétricos usados é desviada”, refere a Eletrão.
Os dados apontam ainda para o facto de os gases de refrigeração associados aos equipamentos desviados nos canais municipais representaram, em 2020, cerca de 36 toneladas.
“Este valor é o equivalente à circulação de 13.500 automóveis durante um ano em Portugal. Em alternativa seriam necessários 550 hectares de pinheiros para absorver o CO2 equivalente destes equipamentos durante um ano”, indica o Eletrão.
Segundo o estudo, a recolha nos canais municipais representa apenas 0,7 quilos por habitante ano, o que fica muito abaixo dos 4,4 registados em alguns países da União Europeia, como Espanha e França.
“Para que Portugal pudesse cumprir a meta nacional teriam que ser recolhidos nos canais municipais 11,5 quilos por habitante ano”, é referido na nota.
O diretor-geral do Electrão, Pedro Nazareth, sublinha, citado na nota, que “o resultado deste projeto demonstra que urge privilegiar soluções para a recolha de equipamentos elétricos usados porta-a-porta, como o Electrão já está a fazer, no âmbito do um projeto piloto, em Lisboa, em complemento com a recolha municipal na via pública”.
No entendimento de Pedro Nazareth, o projeto Weee-Follow pode ser uma boa ferramenta para ajudar a pôr fim a más práticas, como a de transformar estes equipamentos em sucata metálica sem acautelar a sua descontaminação.
“Este projeto pode ajudar a aumentar o número e a qualidade dos equipamentos elétricos usados já que permite às autoridades ambientais a possibilidade de realizar ações coordenadas com vista a penalizar as origens e os recetadores”, disse.
Os resultados alcançados no âmbito do projeto Weee-Follow inspiraram um projeto que será dinamizado à escala nacional e alargado às restantes entidades gestoras de equipamentos elétricos.
Segundo a nota, a lógica do Weee-follow vai ser seguida na Campanha Nacional de Fiscalização de Resíduos de Equipamentos de Elétricos e Eletrónicos (REEE), que foi apresentada publicamente na quarta-feira, e que se enquadra no Plano de Ação dos REEE, que decorrerá em articulação com a Agência Portuguesa do Ambiente, Direção-Geral das Atividades Económicas e entidades públicas competentes em matéria de inspeção e fiscalização no contexto de gestão de REEE.