Um grupo de 120 portugueses a viver na Venezuela e que perdeu dinheiro nas resoluções do BES e do Banif enviou cartas ao primeiro-ministro e ao Presidente da República a pedir ajuda para uma situação que qualifica como catastrófica.
A carta ao primeiro-ministro, António Costa, foi enviada já em setembro e ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no final do ano, sendo que para já ainda não houve resposta oficial, segundo disse à Lusa um dos subscritores.
"A maior parte da comunidade portuguesa foi afetada pela resolução do BES e do Banif, vendo dissipadas todas as suas poupanças, através de esquemas bancários fraudulentos", lê-se na carta, a que a Lusa teve acesso, na qual os subscritores dizem passar por uma "catástrofe social e financeira", uma vez que aos impactos das resoluções de bancos se junta a situação difícil do país em que vivem.
Por isso, pedem a presença, com "caráter de urgência, de um representante do Governo português em Caracas" para se inteirar da situação e tentar encontrar alguma solução.
Sara Freitas, uma das subscritoras, disse à Lusa que em causa estão emigrantes portugueses que aplicaram o dinheiro poupado sobretudo em produtos do BES.
"A sucursal financeira exterior do BES no Funchal é que fazia estes contratos com os clientes. Mandavam gestores à Venezuela e contactavam com os emigrantes, que confiavam no BES, um banco com mais de 100 anos e que tinha muito prestígio, e pensavam que podiam confiar nas autoridades do seu país", explicou.
A maior parte do dinheiro perdido foi no BES, que era mais "agressivo" na captação de poupanças, mas também há poupanças perdidas no Banif, afirmou.
A Venezuela vive uma situação de emergência económica e social que também atinge a comunidade portuguesa, que, por sua vez, foi afetada pelas resoluções do BES e do Banif.
A comunidade portuguesa na Venezuela tem mais de um milhão de pessoas, entre portugueses e lusodescendentes.
Lusa