"A investidura de Tolentino Mendonça em cardeal traz uma importância acrescida à Comissão de Honra dos 600 Anos, mas não só. Para todos nós, região, e para todos nós, país, é algo de grande significado e que não é frequente, não é comum", disse à agência Lusa o presidente da comissão executiva da instituição, Guilherme Silva.
O arcebispo madeirense José Tolentino Mendonça, que será criado cardeal no sábado no Vaticano, faz parte desde 2018 da Comissão de Honra da Estrutura de Missão para as Comemorações dos 600 Anos do Descobrimento da Madeira e do Porto Santo, nomeada pelo Governo Regional, onde figuram também os bispos eméritos do Funchal António Carrilho e Teodoro Faria.
"A personalidade de Tolentino Mendonça era já então suficientemente relevante e de projeção nacional e internacional que seria imperdoável que não o convidássemos para integrar a Comissão de Honra", disse Guilherme Silva, vincando que, agora, ele traz uma "nova dimensão" ao organismo, marcada pela "grandiosidade" da sua figura.
O novo cardeal já confirmou, entretanto, presença e intervenção nas comemorações do Dia de Portugal, que decorrem na Madeira em 10 de junho de 2020, e a Comissão Executiva dos 600 Anos está a desenvolver esforços para que o mesmo aconteça no Congresso da Diáspora Madeirense, previsto para 01 de julho, Dia da Região Autónoma da Madeira.
"Vamos trazer os melhores da diáspora e é obvio que, no meu pensamento, está também fazer tudo para poder contar com a presença do cardeal Tolentino Mendonça nesse ato", afirmou Guilherme Silva.
O presidente da Comissão Executiva dos 600 Anos sublinhou o facto de o novo cardeal ser oriundo de uma família de origens humildes, também ela marcada pela emigração.
José Tolentino Mendonça é natural de Machico, zona leste da ilha da Madeira, onde nasceu em 1965, sendo que a família se mudou pouco depois para Angola, regressando à Madeira na altura da independência do país.
Em 05 setembro, a Câmara Municipal de Machico aprovou um voto de júbilo pela elevação de Tolentino Mendonça ao cardinalato e, no sábado, o presidente da autarquia, Ricardo Franco, vai assistir ao consistório público no Vaticano.
O autarca informou que vai oferecer ao novo cardeal uma pintura a carvão do Forte de São João Batista, da autoria de um pintor machiquense, lembrança de um dos lugares da sua infância.
José Tolentino Mendonça ingressou no seminário, no Funchal, aos 11 anos, iniciando assim um percurso que o fez sacerdote e arcebispo, mas também poeta e professor, humanista e homem de cultura.
Em 01 de setembro, o Papa Francisco anunciou que o bibliotecário e arquivista da Santa Sé seria criado cardeal em 05 de outubro, juntando-se aos outros atuais cardeais portugueses José Saraiva Martins, Manuel Monteiro de Castro, Manuel Clemente e António Marto, os dois últimos com direito de voto num eventual conclave para a eleição do Papa, tal como sucederá com o próprio.
"É pessoa de uma simplicidade e de uma modéstia que só os grandes espíritos têm", disse o presidente da Comissão Executiva dos 600 Anos, realçando que há um "sentimento comum de orgulho" em todos os madeirenses, independentemente dos seus credos, no percurso de José Tolentino Mendonça.
C/ LUSA