Organizada pela "Venexos", grupo de venezuelanos residentes em Portugal, a concentração na Praça do Município, no Funchal, reuniu maioritariamente mulheres, entre luso-venezuelanos, venezuelanos e madeirenses, que entoaram palavras de ordem e expuseram através de cartazes o seu desagrado pela situação na Venezuela.
Foi também cumprido um minuto de silêncio pelas mortes ocorridas nos confrontos entre populares e militares naquele país da América do Sul.
"A situação está muito complicada, é grave, vive-se uma ditadura na Venezuela, as pessoas não estão a aguentar, há falta de alimentos e sobretudo de medicamentos", observou Nataly Pestana, de 37 anos, 15 deles na Madeira, mas com familiares na terra de Simon Bolivar e representante na Madeira da "Venexos".
Nataly Pestana disse ser urgente haver uma solução para a Venezuela, referindo que "uma eventual guerra civil não é solução porque é sangrenta".
"Queremos que Maduro renuncie, que sejam convocadas eleições livres, que o povo escolha, que seja instaurada a democracia e que a Venezuela seja reconstruída a partir do zero", referiu.
Para Nataly Pestana, estas manifestações "visam chamar a atenção do mundo para a grave situação na Venezuela".
Lídia Albornoz, outra luso-venezuelana, de 40 anos, 20 dos quais passados na Venezuela, considera que as manifestações são "um SOS ao mundo", porque "a esperança é a última a morrer".
A jovem Arlete Freitas encontra-se na Madeira há um ano e diz que fugiu da "ditadura".
"Sou opositora a 100% do regime de Maduro", declarou, lamentando, por outro lado, ser discriminada na sua terra.
"Eu sou portuguesa, mas sinto-me estrangeira quando os residentes nos apontam dizendo que os ‘miras’ estão a invadir Portugal", contou.
Arlete Freitas afirmou, no entanto, acreditar que "muito em breve a Venezuela vai mudar".
A venezuelana Mary Ortegano, nascida em Barinas, terra do comandante Hugo Chávez, encontra-se na Madeira a convite de uma amiga madeirense e também manifestou a sua esperança numa alteração política na Venezuela.
Além disso, agradeceu aos luso-venezuelanos o apoio que têm dado para uma Venezuela "livre e democrática".
"Eu tenho cancro na mama. É mentira que haja medicamentos na Venezuela, estamos morrendo aos poucos", afirmou, entre lágrimas.
A Venezuela, destino significativo da emigração madeirense, atravessa uma grave crise económica, política e social, com o registo frequente de manifestações e distúrbios nas ruas.