A Administração dos Portos da Madeira (APRAM) inicia no sábado o desassoreamento do porto do Porto Santo e os 100 mil metros cúbicos de sedimentos serão aproveitados para recarregar determinadas zonas da praia local.
De acordo com a presidente do conselho de administração da APRAM, Lígia Correia, os trabalhos deverão estar concluídos num prazo de 30 dias.
"Primeiro será feito o levantamento batimétrico no interior do porto pela empresa adjudicatária, atualizando-se os dados existentes", seguindo-se depois a dragagem, disse à Lusa.
Esta operação irá custar cerca de meio milhão de euros, tendo sido adjudicada a uma empresa holandesa.
O processo irá permitir que os sedimentos retirados do porto sejam depois usados e colocados "a uma profundidade de -7 metros no mar", numa das zonas onde se registou uma maior regressão nos últimos anos, a área entre a cidade baleira e as Pedras Pretas.
Estes são os maiores trabalhos de desassoreamento dos últimos 14 anos e têm como principal objetivo "melhorar as condições de navegabilidade, de manobra e segurança aos navios que aportam naquela ilha", explicou.
A APRAM estima que "o volume a dragar ronde os 100 mil metros cúbicos de sedimentos", sendo que estes materiais dragados têm "a qualidade semelhante às areias da praia".
São "cumpridos todos os requisitos ambientais legalmente exigidos" e assegurada uma amostragem representativa da zona a desassorear, indicou a responsável.
A Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais está também envolvida neste processo e a responsável pela pasta, Susana Prada, sublinhou que este é considerado um projeto-piloto.
"Sendo esta uma ação-piloto, será assegurada a adequada monitorização para ser verificada a eficácia do método", explicou.
Para o efeito, “serão feitos levantamentos topo-hidrográficos imediatamente antes da operação, logo após a operação e ao longo dos próximos anos".
Susana Prada acrescentou que os efeitos desta operação não são observados de imediato: “Esta ação limita-se a repor areia na parte submersa do sistema, ficando a natureza encarregada de a repor de forma gradual na praia".
Regularmente, a configuração da praia do Porto Santo com uma extensão de cerca de nove quilómetros, oscila entre troços que "revelam o substrato de pedra e o lajedo” e areal, num processo "normal e natural", dinâmico, que "pode sugerir uma tendência de desassoreamento" ou "uma possibilidade consentânea com os fenómenos e efeitos associados às alterações climáticas".
Em 2004 fez-se a maior dragagem e a primeira grande intervenção no porto do Porto Santo desde a inauguração, em 1984. Na altura, foram retirados 130 mil metros cúbicos de inertes.
LUSA