“Dois cidadãos britânicos, que trabalhavam como voluntários não ligados à nossa organização, mas que conhecíamos – Paul Urey (nascido em 1977) e Dylan Healy (nascido em 2000)” -, foram “capturados na segunda-feira pelo exército russo num posto de controlo da Ucrânia”, disse Dominik Byrne, um dos fundadores daquela organização não-governamental (ONG), acrescentando que os dois homens “foram para a Ucrânia por iniciativa própria”.
De acordo com a Presidium, os dois cidadãos britânicos desapareceram quando viajavam de carro para ajudar a retirar uma mulher e duas crianças de Dniprorudne, na região de Zaporijia, sul do país.
O último contacto, acrescentou a mesma fonte, foi feito às 04:00 locais (02:00 em Lisboa).
A mulher que os dois voluntários iam ajudar foi detida depois de a sua casa “ter sido invadida por soldados russos armados”, que “obrigaram o marido a deitar-se no chão" e a questionaram sobre a sua relação com os dois homens que apelidaram de "espiões britânicos”, disse Byrne.
A mãe de Paul Urey admitiu, numa mensagem divulgada pela Presidium, que está “extremamente preocupada”.
“Sabemos que o meu filho Paul e o seu amigo voluntário de ajuda humanitária na Ucrânia foram capturados pelos russos”, afirmou, pedindo “o apoio de todos para levar o filho para casa” e acrescentando que ele é “diabético e precisa de insulina”.
Nascido em Manchester, no norte da Inglaterra, Paul Urey é apresentado como um homem de família que não serviu no exército, mas passou oito anos no Afeganistão como empresário, enquanto Dylan Healy trabalhava numa cadeia de hotéis do Reino Unido.
A Presidium garantiu estar em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, que está a tentar recolher informações sobre os dois homens.
A denúncia foi feita um dia depois de um porta-voz do ministério ter anunciado que um britânico foi morto na Ucrânia e outro estava desaparecido.
A ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, apoiou inicialmente os britânicos que queriam ir para a frente de combate na Ucrânia, mas a posição foi reformulada pelo ministro da Defesa e pelos responsáveis militares do Reino Unido.
Atualmente, a diplomacia britânica desaconselha os seus cidadãos a viajarem para a Ucrânia e alertou que qualquer pessoa que viaje para zonas de conflito para se envolver em atividades ilegais irá enfrentar sanções quando regressar ao Reino Unido.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 2.700 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5,3 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa