Na cerimónia de aceitação dos inspetores formados no 44.º curso da PJ, Luís Neves considerou que todas as áreas de atividade da Judiciária são relevantes, mas salientou que “parte substancial” destes novos elementos será alocada às áreas da “corrupção, criminalidade económico-financeira e cibercrime”.
“Assumem hoje compromisso com a justiça e a PJ mais 97 inspetores. Este momento é um dia histórico e consolida-se a recuperação que temos vindo a acentuar. Antevemos um ciclo diferente, mais virtuoso no cumprimento da nossa missão”, afirmou o diretor, sem esquecer os “momentos dramáticos” que a instituição viveu há alguns anos com a falta de renovação. “Chegámos quase aos 49 anos de média de idade. Vivenciámos momentos de desânimo”, lembrou.
Luís Neves assinalou o cariz inédito na instituição da entrada de 197 novos inspetores no mesmo ano: 100 em março e 97 hoje.
“Nunca antes tinha acontecido. É obra, é uma alegria imensa”, referiu o responsável, sublinhando estar ainda a decorrer um curso para mais 70 novos inspetores, “com a perspetiva de poderem já iniciar a fase de formação em janeiro próximo”, e concursos abertos para 65 entradas de especialistas de polícia científica.
Perante o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, e os respetivos secretários de Estado, Pedro Tavares e Jorge Costa, o diretor nacional da PJ reiterou o “momento galvanizador” com o ingresso dos 97 novos inspetores (56 mulheres e 41 homens), explicando que “a média de idades baixou para próximo dos 40 anos” e que "no espaço de três anos haverá um reforço de 35 a 40 no quadro de inspetores”.
“Os tempos que se adivinham não serão fáceis. Velhas ameaças passaram a ter uma escala global. O crime organizado é cada vez mais transnacional, complexo e exigindo um trabalho em rede. A cibercriminalidade passou a ser uma constante e o espaço digital traz-nos bastantes desafios. As transformações sociais mostram que caminhamos para uma sociedade crescentemente disruptiva e complexa”, afirmou Luis Neves.
Enfatizando a “união e motivação” dentro da PJ, o diretor nacional da instituição considerou que “Portugal tem um modelo de investigação impar e invejado” no mundo e relacionou a segurança do país com a criação de riqueza económica.
“A segurança, indiretamente produz investimento, desenvolve a economia, produz bem-estar para os nossos cidadãos. A Polícia Judiciária tem um plano de desenvolvimento sustentado, que procura minimizar as variáveis externas da incerteza, da disrupção social e tecnológica”, disse, concluindo que “o desenvolvimento tecnológico da Polícia Judiciária é um dos fatores fundamentais para manutenção de Portugal como um destino seguro, tanto para o turismo como para investimento estrangeiro”.