Quando as consequências das alterações climáticas são visíveis, seja o derretimento dos glaciares, a subida do nível do mar, ou as ondas de calor extremo, um terço da população mundial continua a duvidar e a contestar esses factos, alerta-se num comunicado sobre o estudo, da responsabilidade de uma equipa da Universidade de Genebra, Suíça.
Os cientistas confirmaram que são os seres humanos os responsáveis principais pela aceleração do aquecimento global, mas um terço da população duvida ou contesta esse consenso, especialmente porque sobre estas matérias há muita desinformação, difundida por “interesses instalados” e extremamente persuasiva.
Os investigadores, no estudo publicado na revista científica “Nature Human Behavior”, testaram seis intervenções psicológicas em cerca de 7.000 participantes de 12 países, concluindo que é preciso reforçar os esforços para combater a desinformação no que diz respeito às alterações climáticas.
Tobia Spampatti, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra, explica no documento que as pessoas não processam as mensagens científicas como recetores neutros de informação, mas ponderando-as em relação a crenças, resultados desejados, laços emocionais e antecedentes socioculturais e ideológicos.
Dependendo desses fatores as crenças anticientíficas podem ser amplificadas e resistirem à correção, diz o primeiro autor do estudo.
No trabalho, os investigadores desenvolveram seis estratégias de intervenção psicológica para evitar que a desinformação sobre o clima afetasse crenças e comportamentos. Cada estratégia estava ligada a temas diferentes, como o consenso científico, confiança nos cientistas ou informação transparente, entre outros.
Em cada estratégia/grupo foram recebidas informações diferentes. O grupo sobre confiança nos cientistas por exemplo recebeu informações confirmadas e verificadas que demonstravam a credibilidade dos cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
Na fase seguinte cada grupo foi sujeito a 20 informações falsas ou tendenciosas, dez sobre a ciência do clima e dez sobre a política climática.
Após estas intervenções os cientistas descobriram que o efeito protetor das seis estratégias desaparecia após a segunda exposição à desinformação.
Em conclusão, disseram os cientistas, a desinformação é “extremamente persuasiva, aparentemente mais do que a informação científica”, e teve neste caso uma influencia negativa na crença das pessoas nas alterações climáticas.
“É cada vez mais urgente lutar contra este fenómeno, que atrasa a aplicação de certas medidas urgentes de atenuação das alterações climáticas", disse Tobia Spampatti.
Lusa