Josep Borrell, Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, intervinha num painel sobre geopolítica e segurança na Europa durante a conferência «Estado da União», que se celebra anualmente em Florença, Itália.
“É preciso entender que defender a liberdade e defender a Ucrânia tem um custo, e os políticos devem poder explicar às pessoas que há que assumir este custo, caso contrário poderia ser pior”, declarou o dirigente espanhol, acrescentando que “o momento da verdade é quando há que pagar” esse custo.
A intervenção de Borrell teve lugar num momento em que os 27 Estados-membros da União Europeia tentam chegar a um acordo difícil em torno do sexto pacote de sanções à Rússia, proposto esta semana pela Comissão, e que contempla um embargo gradual das importações de petróleo russo, rejeitado nos termos propostos por Bruxelas pelos países mais dependentes dos combustíveis fósseis russos, casos de Hungria e Eslováquia.
Borrell comentou que, sem a agressão russa à Ucrânia, “a Europa não se teria dado conta de que está em perigo”, mas agora sabe que tem de “enfrentar essas ameaças”, e estabeleceu um paralelo com a crise da pandemia da covid-19.
“Com a pandemia, demo-nos conta de que na Europa não produzíamos um grama de paracetamol na Europa, porque era mais barato produzi-lo no estrangeiro. Numa crise, talvez o que era mais barato ontem possa ser mais caro hoje", observou.
Na sua intervenção, o Alto Representante sustentou ainda que “não existe um problema com os russos, mas com um indivíduo”, o Presidente Vladimir Putin.
“Queremos enfraquecer Putin, mas não queremos afastar os russos, queremos que eles façam parte de um sistema mais pacífico", disse, rejeitando ainda que o atual conflito seja visto como um ‘braço de ferro’ entre a Rússia e o Ocidente.
“A nossa reação à invasão russa da Ucrânia não é sobre o ‘Ocidente’. A agressão é uma violação da Carta das Nações Unidas que afeta o Ocidente, o Norte, o Sul e o Leste”, declarou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.