“Ter crianças no agregado familiar não aumentou (o risco), pelo contrário, até é menor a probabilidade de infeções”, disse Henrique Barros na apresentação durante a reunião no Infarmed, que juntou especialistas, membros do Governo e o Presidente da República para a análise da evolução da pandemia, explicando que os dados recolhidos a partir do projeto EPIPorto assentaram na presença de anticorpos e não somente em testes PCR com resultado positivo.
“Globalmente, as crianças e os adolescentes têm um risco menor de infeção e, embora a evidencia (prova) não seja forte, parecem ter um papel menor na transmissão da infeção”, disse.
Henrique Barros traçou um retrato da evolução da pandemia com base no papel das escolas para concluir que as “medidas de mitigação do ambiente escolar funcionam e fazem com que a atividade letiva seja segura” em termos de transmissão do vírus.
“Na primeira onda, a infeção foi quase toda nas faixas etárias mais elevadas”, começou por afirmar o investigador, enfatizando: “Na segunda onda, vemos que com as escolas abertas a infeção sobe e desce, sobe com as escolas fechadas, continua a subir e até faz um pequeno ‘plateau’ (planalto) com as escolas abertas e depois desce. (…) O que vemos quando olhamos não só para as idades escolares é que as pessoas mais velhas é que infetam primeiro”.
À margem deste tema, o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto abordou também a letalidade da covid-19, situando-a em “cerca de 2%”. No entanto, os números são diferentes em função do sexo, já que “no sexo masculino o risco é significativamente maior do que no sexo feminino; da idade, “com valores acima de 20% na faixa etária de 90 ou mais anos e acima de 12% na faixa dos 80 aos 89 anos”; e até por regiões.
C/Lusa