As restrições surgem depois de o Governo venezuelano ter flexibilizado a quarentena a 01 de dezembro, mês em que além das festividades de natal e de fim de ano, decorreram ainda as eleições legislativas e uma consulta popular organizada pela oposição.
Como parte do confinamento “radical”, o primeiro de 2021, o Metropolitano de Caracas permitiu apenas o acesso aos trabalhadores dos setores básicos (saúde, alimentação, serviços e segurança) impedindo os que não apresentavam um salvo-conduto.
Vários utilizadores queixaram-se aos jornalistas que os terminais de autocarros foram encerrados e que a Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) limitou o acesso de viaturas à capital, desde as localidades vizinhas de Guarenas e Guatire, cidade-dormitório de profissionais que trabalham em Caracas, obrigando algumas pessoas a caminhar a pé vários quilómetros.
Com as novas restrições os bancos estão impedidos de abrir as portas mesmo em horário reduzido e os organismos públicos não prestarão qualquer serviço.
Por seu lado, a Igreja Católica anunciou que devido à nova quarentena a peregrinação n.º 165 da Divina Pastora, que tradicionalmente tem lugar a cada 14 de janeiro, será virtual, com transmissão através de várias plataformas e redes sociais, com atividades desde 06 de janeiro.
Na sua conta na rede social Twitter, a vice-Presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez explicou que a quarentena seguirá “o bem sucedido método” venezuelano de sete dias de radicalização seguido por sete dias de flexibilização.
A oposição venezuelana já reagiu às novas restrições e acusou o Presidente Nicolás Maduro de “decretar quarentena quando lhe convém” e que a flexibilização de dezembro serviu apenas “para fazer campanha pela farsa eleitoral (eleições legislativas de 06 de dezembro) e distrair a atenção pública dos problemas do país.
“Segundo a tese do regime, o coronavírus cessou em dezembro e reativou-se em janeiro. Isto é a atuação de um regime que não se preocupa com a vida dos venezuelanos e as suas decisões são motivadas por interesses políticos”, disse o deputado Omar González aos jornalistas.
Segundo a oposição, o regime “pretende desmobilizar política e socialmente os venezuelanos com a quarentena”, mas por outro lado “permitem atos muito participados” de apoio a políticos pró governamentais.
A oposição insiste que o sistema de saúde venezuelano está “totalmente destruído” e que não foram feitos os investimentos necessários para dotar os hospitais de equipamentos de biossegurança.
As forças da oposição consideram ainda que a falta de condições e de segurança para médicos e enfermeiros levou a que “300 trabalhadores da saúde tenham sido infetado e falecido por coronavírus” desde o início da pandemia.
Na Venezuela estão confirmados 114.230 casos de pacientes com a covid-19 e 1.034 mortes associadas à doença. Entretanto 108.268 pessoas recuperaram da doença.
A Venezuela está desde 13 de março de 2020 em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.