“Perdemos, infelizmente, 489 pessoas ligadas à área da saúde”, disse a responsável da Roszdravnadzor, Alla Samoilova, durante uma conferência de imprensa em Moscovo.
No fim de maio, o Ministério da Saúde russo indicou que 101 membros do pessoal médico morreram por infeção do novo Coronavírus.
Pouco depois das declarações de Alla Samoilova, a Roszdravnadzor veio desdramatizar os dados apresentados pela diretora da instituição.
Num comunicado enviado às agências noticiosas locais, a instituição federal russa de saúde refere que os números apresentados por Alla Samoilova “não são oficiais” e que se "baseiam em dados que circulam na Internet”.
No entanto, a Roszdravnadzor não avançou com qualquer balanço alternativo.
Uma lista não oficial, que tem vindo a ser divulgada por médicos russos desde abril, dá hoje conta da morte de 444 cuidadores infetados pela Covid-19.
Segundo reporta a agência noticiosa France-Presse (AFP), no decurso da conferência de imprensa, que decorreu através de videoconferência, Alla Samoilova mostrou-se “muito franca”.
“Teremos de fazer qualquer coisa para impedir [a morte de cuidadores]? Provavelmente sim”, sublinhou.
Desde o início da pandemia que os membros do pessoal médico russo, em particular os que trabalham fora de Moscovo, se queixam da penúria de equipamentos de proteção nos hospitais.
“O país não está preparado. Há poucos equipamentos de proteção individual. Para ser honesta, esse problema existe desde o princípio [da pandemia]. Há penúria”, sublinhou Alla Samoilova.
Segundo a responsável da Roszdravnadzor, os hospitais estão “delapidados”, pois faltam também medicamentos e organização.
“Nem sempre é possível criar zonas vermelhas reservadas aos pacientes infetados, nem tão pouco isolá-los”, acrescentou, considerando que os médicos e o restante pessoal sanitário têm sido “heróis”.
Segundo os mais recentes dados oficiais, o número total de infetados pelo novo coronavírus na Rússia atingiu hoje os 561.091, de que registaram 7.660 mortes, o que coloca o país no terceiro com maior número de contaminações, atrás dos Estados Unidos e do Brasil.
Vários especialistas médicos, russos e não russos, têm posto em causa os números oficiais da mortalidade devido à doença, acusando Moscovo de os “subestimar”.
A Rússia tem explicado que os dados oficiais, mais baixos se comparados com países ocidentais, pelo facto de contabilizar as mortes por Covid-19 apenas depois de uma autópsia que garante que a doença foi a primeira causa do óbito.
Moscovo defende também que a pandemia chegou mais tarde à Rússia e que o país teve tempo para preparar os seus hospitais e para desenvolver uma política massiva de testes de despistagem.
A pandemia de Covid-19 já provocou quase 449 mil mortos e infetou mais de 8,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
C/Lusa