“Estão criados mecanismos internacionais de reporte. Integramos uma rede mundial em que estamos obrigados a avisar para onde se dirigiram passageiros que possam ter estado com doentes a bordo de um avião”, descreveu Graça Freitas na conferência de imprensa diária sobre a pandemia de Covid-19.
A responsável defendeu “a utilização de um cartão preenchido pelo passageiro, que permite a sua localização posterior” para informar de um potencial contacto com o novo Coronavírus, no caso de se constatar que, em determinado voo, estava uma ou mais pessoas infetadas.
“Com esse cartão, se formos informados de que alguém doente esteve num voo conseguimos localizar os passageiros, quem estava nas filas da frente, ao lado e informar”, observou Graça Freitas.
Para a Diretora-Geral, as atuações de “vigilância de pessoas que adoecem em aeronaves estão bem definidas”.
“Temos é de criar mecanismos para identificar passageiros de forma fácil”, defendeu.
Graça Freitas sustentou ainda que os países com maior número de casos deviam “fazer rastreios” à saída.
Por outro lado, deve fornecer-se a “passageiros e tripulantes” que se desloquem a Portugal “o máximo de informação” sobre o que fazer se desenvolverem sintomas.
“Devem contactar a linha SNS 24, relatando os sintomas e de onde vieram”, especificou.
Graça Freitas recusou comentar casos concretos de viagens, mas deu estes esclarecimentos depois de ter sido questionada sobre declarações do vice-presidente da bancada do PSD, Baptista Leite, que disse ter recebido um relato de um cidadão vindo do Brasil que só passado alguns dias de aterrar em Portugal foi avisado pelo seu país de origem que teria de entrar em contacto "com urgência" com o Ministério da Saúde, uma vez que tinham sido detetados casos positivos no avião em que viajou.
O deputado e médico Batista Leite considerou indispensável que, "no mínimo", Portugal recolha os dados sobre as pessoas que entram no país pela via do transporte aéreo, apontando casos de outros países que ou impõem uma quarentena ou até proíbem entradas no país, como a Grécia.
"E precisamos de ter regras coerentes, não se compreendem o conjunto de regras para ajuntamentos como se têm visto nas últimas semanas em Lisboa", afirmou, estranhando que sejam permitidas cerca de 2.000 pessoas num espetáculo cultural num espaço fechado como o Campo Pequeno e não haja público em estádios de futebol.
Questionada sobre um estudo que indica ser raro que pessoas assintomáticas transmitam a doença Covid-19, Graça Freitas disse ser necessário “olhar com cautela” para a investigação.
“Será uma boa notícia, sobretudo para a próxima onda pandémica, se se vier a confirmar em estudos subsequentes”, referiu.
A situação de calamidade no país devido à pandemia de Covid-19 vai continuar até ao final do mês de junho devido aos feriados, festejos dos santos populares e reabertura das fronteiras aéreas, anunciou hoje o Primeiro-Ministro.
António Costa revelou ainda que a Área Metropolitana de Lisboa deixa de ter restrições ao desconfinamento a partir de segunda-feira, podendo abrir os centros comerciais e as Lojas do Cidadão.
Portugal está em situação de calamidade desde 03 de Maio devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência durante 45 dias.
O país regista hoje 1.492 mortes relacionadas com a Covid-19, mais sete do que na segunda-feira, e 35.306 infetados, mais 421, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo (13.608), onde se tem registado maior número de surtos, há mais 386 casos de infeção (+2,9%).